O verão já acabou, mas o sabor de terra que costuma afetar a água servida em Porto Alegre nos meses mais quentes do ano ainda não deixou a Capital.
Embora o problema tenha surgido em princípio na Zona Norte, neste momento o gosto terroso atinge em maior grau a região sul da cidade, conforme relatos de moradores e o diagnóstico do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A prefeitura segue garantindo que o consumo não oferece riscos à saúde, apesar do desconforto provocado entre a população.
Procurado por GaúchaZH, o Dmae se manifestou por meio de nota sobre a continuidade do problema. Desde o começo das reclamações dos consumidores, o órgão argumenta que o odor e o gosto são provocados pela multiplicação de microorganismos favorecida por pouca chuva e altas temperaturas. Nos últimos dias, o calor arrefeceu, e o tempo se mantém úmido. Mesmo assim, o sistema de abastecimento segue alterado.
Na nota, o departamento sustenta que "a incidência de chuvas nos últimos dias e a redução das temperaturas ainda não é suficiente para cessar o desenvolvimento dos microorganismos" presentes no Guaíba. Conforme a prefeitura, a proliferação se iniciou em fevereiro junto à foz do Rio Gravataí, na Zona Norte, e de lá se espalhou pelo manancial. No momento, o problema está mais concentrado no Sul.
Presidente da Associação Ipanema: Eu Moro, Eu Cuido, Waneza Vieira confirma que a água continua com problemas na região.
— A água está ruim já há um bom tempo. Só uso com um filtro purificador — afirma Waneza.
O próprio Dmae segue com reforço no tratamento do líquido. A prefeitura argumenta que segue monitorando os pontos de captação e "intensificando o pré-tratamento através da adição de carvão ativado e dióxido de cloro com o objetivo de atenuar as percepções de gosto e odor terroso".
Mas os relatos não se resumem aos pontos mais ao Sul. Na Cidade Baixa, o restaurante Fulano de Sal deixou de oferecer gratuitamente aos clientes a água filtrada proveniente das torneiras em razão do sabor.
— Deixamos de oferecer a água da torneiras, agora só vendemos a água mineral — conta a proprietária Bruna Zaparoli.
Reclamações sobre a condição do abastecimento podem ser encaminhadas ao município por meio do telefone 156, opção 2.