O secretário municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade, Maurício Fernandes, afirma que a prefeitura valoriza a participação direta da comunidade, desde que mediante combinação prévia com o município. Confira trechos da entrevista:
O cidadão pode tomar iniciativas como cuidar de praças ou plantar árvores? Como a prefeitura vê isso em um momento de crise nas finanças?
É possível, desde que tenha autorização e orientação. Por que precisa de autorização? Nos anos 1980, por exemplo, um shopping distribuiu mudas de árvore. Hoje, o poder público gasta muito dinheiro porque algumas dessas mudas foram plantadas em local impróprio. Cada árvore tem um porte. Se plantar em um lugar errado, que não comporta, pode romper um conduto, não tem espaço para as raízes, uma copa grande demais pode cair com o vento. A arborização urbana tem de ser monitorada. Nos anos 1970, se plantou muita falsa seringueira, que é incompatível com o espaço urbano. Não adianta pegar uma muda e plantar em qualquer lugar. Tem de saber o tamanho e a característica. Desde 2006, temos um plano diretor de arborização urbana para isso.
Mas como proceder?
A adoção de espaços públicos não é uma coisa fechada. Alguém pode adotar uma área só para cortar a grama, por exemplo. Estamos receptivos ao voluntarismo. Mas não adianta só ter boa vontade e causar problema no futuro. Não existe árvore inadequada, mas pode ser imprópria para um determinado local. O flamboyant, por exemplo, é uma árvore exótica que dá problema se for plantada em uma calçada, mas em uma praça é linda. A questão é o local. Alguém que queira fazer um serviço como cortar grama é bem-vindo, mas é importante entrar em contato antes até para permitir que o município se organize.
Como assim?
Se alguém informa que vai cortar a grama em um local, a Secretaria de Serviços Urbanos vai colocar isso no seu controle. Imagina mandar um ônibus com trabalhadores até um lugar em que a grama já está cortada. É mais para organizar. Não é proibido plantar flores, mas pedimos que o morador avise antes para termos um controle paisagístico. Se plantar ficus de vaso em uma praça e crescer, vira um problema. É importante avisar, combinar antes, para termos controle das espécies que serão plantadas.
Mas há ações que o município não admite?
Consertos de equipamentos como balanços, por exemplo, se não forem bem feitos, podem acabar em acidente. Uma criança pode se machucar. Por isso, nesses casos, pedimos que avisem a prefeitura, nos chamem. Corte ou poda de árvore, em área privada, tem de ter responsabilidade técnica. Se for na área pública, cabe ao município fazer. Mas a ação voluntária gera sentimento de comunidade, de pertencimento. A cidade só evolui quando a comunidade se integra no zelo pelas áreas públicas. Cidades de colonização alemã têm um senso de comunidade muito forte. Quem frequenta lugares públicos visando a depredar, se afasta quando a comunidade assume esses espaços.