Alguns adiaram o sonho por meses. Outros, por décadas. Mas na manhã ensolarada deste sábado (2) finalmente deram o sim diante do altar, improvisado na escadaria da prefeitura de Porto Alegre. Às 10h45min, com atraso de quase uma hora, sete casais celebraram um casamento coletivo, com direito a desfile em tapete vermelho e marcha nupcial tocada pela banda municipal.
O primeiro casamento coletivo realizado no imponente prédio do Paço Municipal foi uma iniciativa da prefeitura, com apoio do Sindicato dos Registradores Públicos do Estado do RS (Sindiregis). Os noivos não tiveram de desembolsar um tostão e, por isso, puderam caprichar na vestimenta. O motoboy Marlon Noal, 29 anos, botou terno de gala e comprou um traje especial para o filho Maurício, quatro anos, que mal conseguia conter a emoção de ver o pai e a mãe casarem. Pai e filho estavam de óculos escuros novos, também, já que não tiveram gastos com o cerimonial.
A noiva, a auxiliar administrativa Priscila dos Santos, estava exuberante, com vestido de casamento imponente e sorriso permanente no rosto. Ela diz que sempre pensou em casar, mas o custo era um impeditivo, pensava sempre em reservar dinheiro para outras prioridades, como comprar uma casa. Aí surgiu a chance do enlace oficial.
- É um momento mágico, nem consigo acreditar. E com meu filho assistindo - relatou, emocionada.
Antônio Marcos Azevedo Melo, 43 anos, que deve o nome ao falecido cantor Antônio Marcos (de quem o pai dele era fã), era outro esfuziante. Auxiliar de carga e descarga numa transportadora, ele nunca teve dinheiro para oficializar a união de cinco anos com a auxiliar de serviços gerais Edenis Regina Pereira. Os dois já viveram outros casamentos, ela inclusive tem quatro filhos, mas nenhum dos noivos tinha casado até hoje. Inclusive pelo custo da iniciativa.
- Finalmente chegou a hora - definiu ele, pouco antes de ver a noiva entrar na prefeitura.
O prefeito Nelson Marchezan Junior compareceu à cerimônia e fez um breve discurso, enfatizando que a prefeitura "não gastou um centavo" com o processo. O Sindicato dos Registradores anistiou os noivos do pagamento de R$ 560 dos registros e taxas da documentação. Já o bolo, os vestidos e a maquiagem (as noivas foram preparadas por cabeleireiros e maquiadores) foram patrocinados pelo Senac Beleza e Instituto Mix. Cada casal teve direito a convidar uma dupla de padrinhos e amigos e familiares para acompanhar a cerimônia, celebrada por um juiz de paz. Ao final, os noivos fizeram um brinde, sob flashes dos fotógrafos.
- Um dia de sonho - resumiu a recém-casada Priscila dos Santos.