O Ministério Público (MP) confirmou que recorreu da decisão que soltou Cléber da Silva, 30 anos, acusado de atropelar e matar o pedestre Luís Rosa Guimarães, 32 anos, na Avenida João Pessoa, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no dia 12 de agosto deste ano. A Justiça foi informada da decisão na última sexta-feira (3) e agora a promotora Lúcia Helena Callegari reúne as razões para entregar a documentação.
A promotora adiantou que o réu tinha várias infrações de trânsito, além de dirigir embriagado e matar. O promotor Jorge Alfaia, que participou da audiência que culminou na soltura, afirmou que Silva é uma "pessoa contumaz na prática de infrações de trânsito e lesões em razão dessas infrações". Ressaltou, também, que "desde 2008 o réu tem se envolvido em direção perigosa, acidente de trânsito, condução sem carteira, direção perigosa de veículos" e que é "afeito a dirigir embriagado".
Na última quarta-feira (1º), foi revogada a prisão do motorista e ele deixou o presídio. Para o juiz Mauricio Ramires, da 1ª Vara do Júri do Foro Central, os quase três meses em que o motorista passou na cadeia são suficientes para "acautelar a ordem pública". O magistrado também levou em conta que o acidente foi causado sem objetivo direto.
Como medida cautelar, o juiz impôs que Silva não volte a dirigir, sob pena de ser novamente preso. O advogado do motorista, Anderson Roza, diz que ele se comprometeu em cumprir a ordem, e que terá "um comportamento exemplar até o final do processo".
Relembre o caso
Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que o morador de rua Luís Rosa Guimarães, 32 anos, é atropelado por um motorista bêbado no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, pouco depois das 6h do dia 12 de agosto. O vídeo que mostra o Kia Soul branco arrastando o homem e saindo em alta velocidade da esquina da João Pessoa com a Rua da República, sem prestar socorro, é uma das provas incluídas pela Polícia Civil no indiciamento de Cléber da Silva, que foi preso na manhã do mesmo dia após ser perseguido pela Brigada Militar.
Depois de percorrer a Avenida Ipiranga em direção a Viamão, ele foi encontrado com o Kia Soul marcado por sangue e amassado nas proximidades da Avenida Antônio de Carvalho. Os PMs relataram que ele sequer conseguia soprar o bafômetro devido ao seu estado de embriaguez. Silva foi levado para o Instituto-Geral de Perícias, onde um médico atestou que ele estava bêbado através da análise dos sinais motores. A Polícia Civil entendeu que ele usou "o carro como uma arma".