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Preso em flagrante após atropelar um morador de rua e fugir sem prestar socorro, no último dia 12, o motorista Cléber da Silva, 30 anos, tem uma ficha com 26 infrações e quatro crimes de trânsito desde 2008, quando tirou a Carteira Nacional de Habilitação.
Do total de multas, dez são por excesso de velocidade nas ruas de Porto Alegre, Cachoeirinha e São José do Herval. Há, ainda, uma por recusa ao teste de bafômetro. Já nos casos considerados mais graves, estão lesão corporal, fuga do local de acidente, direção perigosa e dirigir com carteira cassada.
– O veículo serve como uma arma nas mãos de alguém que trafegava em alta velocidade e sob o efeito de drogas. Verifica-se, de forma inequívoca, que ele só não se envolveu em um acidente mais grave, como esse com o morador de rua, por acaso – comenta a delegada Roberta Bertoldo, que investiga o crime pela 2ª Delegacia de Homicídios.
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Luís Rosa Guimarães, 32 anos, está no hospital em estado crítico. A principal das provas reunidas pela delegada é a imagem de uma câmera de segurança que mostra o momento em que a vítima é atingida pelo Kia Soul em alta velocidade. No vídeo, é possível perceber que a força da batida acaba empurrando o morador de rua por alguns metros. Ele para no meio do asfalto da avenida, sangrando e agonizando.
Depois de percorrer a Avenida Ipiranga em direção a Viamão, o motorista foi encontrado com o Kia Soul marcado por sangue e amassado nas proximidades da Avenida Antônio de Carvalho. Os PMs relataram que ele sequer conseguia soprar o bafômetro devido ao seu estado de embriaguez. Silva foi levado para o Instituto-Geral de Perícias, onde um médico atestou que ele estava bêbado através da análise dos sinais motores. O sangue dele foi colhido, e será examinado para precisar a quantidade de álcool que havia ingerido.
A delegada entregou, na segunda-feira (21), o inquérito ao Judiciário. No documento, que, além do vídeo, reúne depoimentos de testemunhas, ela indicia o motorista por tentativa de homicídio com dolo eventual - quando o motorista, mesmo bêbado, assume o risco das suas ações. A policial entende que não havia como indiciá-lo por homicídio culposo (quando não há intenção) por causa da forma com que tudo ocorreu.
– Esse indivíduo agiu de forma intencional, no sentido de assumir o risco de causar um resultado mais grave. Na medida que alguém que usa álcool ou drogas e toma de um veículo, em alta velocidade, não é crível que se pense que ele não imaginou que poderia causar um acidente trágico como esse – defendeu a delegada.
Para finalizar o conjunto de provas, a delegada aguarda somente a perícia feita pelo Instituto-Geral de Perícias no Kia Soul. No entanto, para ela, já há elementos suficientes para o inquérito.
Morador do bairro Agronomia, em Porto Alegre, o motorista disse informalmente a PMs que voltava de casa quando o acidente ocorreu. Já em depoimento na Polícia Civil, acompanhado de uma defensora pública, ele permaneceu em silêncio.
O advogado Anderson Roza, que assumiu a defesa do suspeito, afirma que o motorista está "muito abalado" com o ocorrido. Ele diz que seu cliente não consegue falar com clareza sobre o caso e que todo o ocorrido no acidente será esclarecido no processo judicial. A defesa contesta, também, o valor das imagens como provas. Roza diz que elas "não são conclusivas".