A Justiça avalia o pedido feito pela defesa para que se revogue a prisão do acusado de atropelar e matar um pedestre na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre, em 12 de agosto. Cléber da Silva, 30 anos, está preso desde o dia do atropelamento — ele estava com o direito de dirigir suspenso e foi constatada embriaguez, conforme a denúncia. Atualmente, o processo se encontra no gabinete do juiz responsável, que analisa o parecer do Ministério Público.
A vítima, Luís Rosa Guimarães, 32 anos, ficou 43 dias internada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) e morreu em 27 de setembro, após complicações em decorrência da força da colisão do veículo Soul contra o seu corpo. O motorista havia fugido sem prestar socorro, mas acabou sendo encontrado pela Brigada Militar na Avenida João Pessoa.
Após investigação da 2ª Delegacia de Homicídios e denúncia do MP, o motorista passou a responder por tentativa de homicídio qualificado com dolo eventual (quando o acusado assume a responsabilidade do fato por ter bebido). O motorista responde também com as qualificadoras por omissão de socorro e fuga de local de acidente.
Inicialmente, a Polícia Civil e a Brigada Militar haviam informado que a vítima era um morador de rua. No entanto, de acordo com a irmã, Marli Rosa Guimarães, ele morava com a mãe no bairro Restinga. Ela afirma que seu irmão vinha lutando contra o vício em drogas e que, naquele final de semana, acabou saindo de casa para consumir crack na região central.
— Era uma pessoa muito boa para nós. Nunca faltou carinho da parte dele. Sempre falava "mana, eu te amo" — diz a irmã.
Guimarães trabalhava com a família em montagem de eventos e cursava o Ensino Médio em uma escola da Cidade Baixa. Além da mãe, ele deixou um filho, de cinco anos, a mulher e nove irmãos.
A família pede Justiça. Marli entende que seu irmão foi assassinado:
— Ele (motorista do carro) tem que pagar pelo que fez. É como se estivesse com uma arma carregada para matar uma pessoa.
Um vídeo que mostra o atropelamento foi usado pela Polícia Civil no inquérito e entrou como prova na Justiça. Na época em que o processo foi aceito na Justiça, o advogado do motorista, Anderson Roza, divulgou uma nota lamentando o ocorrido.
Leia a nota da defesa do motorista
"As imagens por si só não revelam o momento exato da colisão. Até o presente momento não há como saber se o nosso cliente tinha a possibilidade de efetuar uma outra manobra para evitar o choque, ou se foi surpreendido com a movimentação rápida da vítima, além de não sabermos se o carro estava ou não com problemas mecânicos naquele momento.
Tudo o que aconteceu foi muito triste, lamentável sob todos os aspectos. Mas nos preocupam essas analogias que a investigação e a acusação fazem ao tentar equiparar acidentes de trânsito com vítima a homicídios qualificados, como se os acusados nesses delitos sejam verdadeiros assassinos que saiam de casa predispostos a matar alguém.
Em todos estes casos verificamos uma dilaceração familiar com o que acontece com os acusados e também com as vítimas, e não é diferente com o Sr. Cleber da Silva, que possui filhos, pais, e se encontra segregado e em estado de choque com essa tragédia."