Não importa se é rock, pop, funk, samba, eletrônica ou sertanejo: músicas agitadas são estímulos para mexer o corpo. Pesquisas apontam que aliar atividade física a melodias empolgantes melhora o rendimento do corredor. Mas é preciso estar atento aos limites do corpo e ao ambiente à volta para não se expor a acidentes.
Um estudo da Universidade Federal de Alagoas se debruçou sobre o efeito da música na corrida. O teste, de cinco quilômetros, foi realizado com 15 homens entre 19 e 25 anos em uma esteira. Duas simulações foram feitas sem música, verificando o tempo de cada um. Na terceira, os participantes correram ouvindo música.
Os resultados mostraram um aumento na velocidade e no desempenho dos voluntários na última etapa — com música, chegaram a 12 km/h, 0,2 km/h a mais do que sem som, o que impactou no tempo final de atividade. As duas primeiras simulações foram concluídas em 25,6 minutos, enquanto a terceira foi finalizada em 25,2 minutos.
— A música traz prazer e euforia. Normalmente, é ritmada, fazendo com que a pessoa acompanhe a batida. Nos três testes, o esforço e a frequência cardíaca foram os mesmos. Mas, com música, foi identificado que eles correram mais rápido os primeiros 3,5 quilômetros — interpreta o professor de educação física da Universidade Feevale Rafael Machado de Souza.
Conforme o professor, a música pode servir como motivação:
— É claro que depende de pessoa para pessoa, mas alguns atletas usam a música para potencializar o desempenho. Um som que tem uma marcação e um ritmo mais agitado acaba deixando a pessoa mais acelerada e eufórica.
Além disso, a música pode proporcionar bem-estar e alegria. Mas é preciso estar atento aos limites do corpo. Conforme Souza, o corredor pode não perceber o cansaço ou dor enquanto está envolvido e extasiado com as batidas do som.
— Imagina que tu estás correndo em um nível onde começa a te sentir dolorido, aí liga a música e é como se o cansaço fosse desaparecendo à medida que a canção vai acelerando a movimentação do corpo. É uma maneira de ludibriar o cérebro, que acaba mandando mais estímulos para mais músculos porque a pessoa está ouvindo certa música — explica o professor, alertando que passar do limite das condições físicas pode provocar lesões e edemas musculares.
Souza destaca, também, que correr na rua com os fones no ouvido no último volume da playlist pode ser perigoso:
— A pessoa fica distraída e não percebe o que está acontecendo no ambiente. Isso pode potencializar acidentes, a pessoa pode tropeçar ou ser atropelado, por exemplo.