Um prejuízo de cerca de R$ 200 mil deve resultar do temporal que interrompeu Concerto de Primavera no Jardim Botânico, no fim da tarde deste domingo, à Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). O vendaval que começou na metade do espetáculo levou menos de cinco minutos para varrer partituras, encerrar a apresentação, afugentar os músicos e pôr a estrutura abaixo, danificando instrumentos musicais e cadeiras.
— A gente estava monitorando o tempo: havia uma possibilidade de chuva, mas era muito pouca, e a previsão para o horário do concerto não era de chuva. Começamos um pouco mais cedo, e conseguimos cumprir a metade, mas o vento veio de uma forma brutal. Tu fica meio sem ação, sem saber o que fazer, para onde correr. Algumas pessoas correram para o museu (do Jardim Botânico) para se abrigar. O grande saldo é que ninguém se machucou — avalia o superintendente administrativo da Ospa, Rogério Beidacki.
Conforme Beidacki, a manhã e a tarde desta terça-feira foram dedicadas a retirar o que ficou no local da apresentação e também fazer um levantamento dos prejuízos. Até o fim da manhã, sabia-se que tímpanos, um piano digital — que nem chegou a ser utilizado — e algumas cadeiras estavam entre os itens avariados. A maior perda, no entanto, foi uma das duas harpas da orquestra: somente esse instrumento tem valor em torno de R$ 100 mil.
A estrutura do tradicional concerto da Ospa — realizado há 67 anos — começou a ser montada na sexta-feira, e o espetáculo, que foi adiantado em 10 minutos, devia ocorrer às 18h de domingo. Segundo a organização, a programação foi mantida porque a previsão do tempo indicava chuva a partir das 21h. Nenhum dos 66 músicos se feriu durante o evento, que reuniu cerca de 5 mil pessoas no Jardim Botânico e foi interrompido na metade da música Primavera, de Astor Piazzolla, após o vento começar a se intensificar, levando embora partituras e abalando a estrutura do palco.
O temporal também pegou de surpresa o público que foi ao Jardim Botânico. Conforme relatos, algumas pessoas deixaram o local antes mesmo de o concerto ser interrompido, ao avistar uma nuvem de tempestade que se aproximava da região, repleta de árvores.
A aposentada Rosa Maria Lang, que foi ao concerto acompanhada de seu marido, conta que o casal tomou a decisão de ir embora ao visualizar raios e trovoadas atrás do palco. Segundo ela, poucos segundo separaram o momento em que levantaram do gramado ao temporal que se iniciou antes de conseguirem chegar ao carro, estacionado nas proximidades.
— Em menos de um minuto já estávamos molhados as pessoas já estavam correndo. Nos trancamos do carro e ficamos esperando mais de meia hora. Tinha muita ventania e barulhos dos galhos batendo. A gente ficou louco de medo, mas achamos que o melhor era ficar onde estávamos — recorda.
Já o advogado Bruno Menegat, que visitava o Jardim Botânico pela primeira vez, quis aproveitar a apresentação até o fim. Ele os amigos deixaram o local depois que a orquestra abandonou o palco, quando a movimentação se intensificou e perceberam que a ventania tinha rasgado parte de uma lona de cobertura.
— Não pegamos nem guarda-chuva antes de ir, porque o tempo estava abrindo. De uma hora para a outra, vimos o vento batendo. Tinha uma nuvem muito grande, e os músicos ainda tentaram continuar, mas quando o palco começou a tremer, o maestro agradeceu e encerrou. Foi tudo muito rápido: corremos para fora do parque, tinha muito galho, foi uma grande confusão. Realmente, uma pena — lamentou o advogado, morador de Santa Cruz do Sul.
Apesar do transtorno e dos prejuízos, o incidente não deve alterar a programação da Ospa para as próximas semanas. O próximo concerto ocorre já na semana que vem, em 10 de outubro, no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A apresentação, cujos ingressos poderão ser adquiridos no dia e no local do evento, terá início às 20h30min.