Neste sábado (28), ocorreu a cerimônia de inauguração do Memorial Luiz Carlos Prestes. Construído na Avenida Beira-Rio, próximo à sede da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), é a primeira obra de Oscar Niemeyer em Porto Alegre.
Cerca de 400 pessoas participaram do evento, que foi marcado por discursos de políticos de esquerda. Na ocasião, Olívio Dutra (PT), ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador, contou que Niemeyer não apenas tomou o projeto como prioridade, como também destacou que não cobraria nada porque era muito amigo de Prestes. A deputada federal Maria do Rosário (PT) também discursou, destacando que o memorial "representa a unidade da esquerda", e Ciro Gomes (PDT) opinou:
— Pode se amar, pode se odiar, mas ninguém pode ser neutro na passagem de Luiz Carlos Prestes na construção de um Brasil melhor.
Vieira da Cunha, que, como vereador do PDT, apresentou na Câmara o projeto do memorial, foi homenageado. Nomes como os deputados estaduais Pedro Ruas (PSOL), Manuela D'Ávila (PCdoB) e Adão Villaverde (PT), o presidente da FGF, Francisco Novelletto, e o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, também marcaram presença. A primogênita de Prestes, Anita Leocádia Prestes, enviou uma carta relatando que não pôde comparecer em razão de um acidente — sem dar mais detalhes — e grafou: " essa obra é um local privilegiado para a preservação dos ideais de Prestes".
A solenidade foi marcada por revolta contra o governo Michel Temer (PMDB). Em vários momentos, os presentes gritaram: "Fora Temer".
No começo da solenidade, os convidados assistiram a um vídeo contando a história do líder comunista. Quando falhou a sonoplastia e o Hino Nacional não começou, Ciro Gomes e Olívio Dutra puxaram coro, para a entonação à capela.
O memorial não é consenso: os últimos dias foram marcados por movimentos contrários à inauguração. No domingo passado, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) organizaram um protesto em frente ao prédio e, na quarta-feira, a Câmara Municipal se dividiu a respeito de um projeto do vereador Wambert Di Lorenzo (Pros) que pretendia mudar a destinação do imóvel. A matéria acabou rejeitada por 19 votos a 13.
SOBRE O MEMORIAL:
Se em 1998 a pedra fundamental foi lançada, o acordo que possibilitou a construção do Memorial Luiz Carlos Prestes demorou mais uma década para ser firmado. Em 2008, a Federação Gaúcha de Futebol recebeu 50% do terreno para construir sua sede ali e se comprometeu a executar a obra do memorial — investiu cerca de R$ 12 milhões na obra.
A obra tem aproximadamente 700 m². Paulo Sergio Niemeyer, que criou o projeto com o bisavô, ressaltou a ZH, em setembro, a "pureza e simplicidade ímpares" do prédio. Fechada com vidro, a edificação circular lembra uma nave flutuando, observa o arquiteto.
Niemeyer criou uma linha do tempo da vida de Prestes, contada nas curvas e retas de uma parede vermelha — cor inspirada no ideário comunista. O acervo de 135 fotografias espalhadas pelo memorial foi cedido por Anita Leocádia Prestes, filha do político. A parede leva os visitantes a um pequeno auditório, com 25 lugares.
Um segundo ambiente, amplo e também marcado pelas curvas vermelhas projetadas por Niemeyer, deve ser utilizado para exposições itinerantes que dialoguem com o tripé do memorial, que homenageia o líder patriota, revolucionário e comunista.