Por 19 votos a 13, a Câmara Municipal de Porto Alegre rejeitou, na tarde desta quarta-feira (25), o projeto de lei para impedir a instalação do Memorial Luiz Carlos Prestes, que tem previsão para ser inaugurado neste sábado (28), em prédio projetado por Oscar Niemeyer na orla. A edificação que abrigará a homenagem fica na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, junto ao Anfiteatro Pôr do Sol e ao Guaíba.
De autoria do vereador Professor Wambert (Pros), o projeto destinava o espaço para o Museu da História e da Cultura do Povo Negro. Tema de polêmicas, o memorial teve em 1998 a pedra fundamental lançada, e o acordo que possibilitou a construção demorou mais uma década para ser firmado.
Wambert afirma em seu projeto que Porto Alegre "não pode se prestar a homenagear uma pessoa que assassinou, mandou assassinar, saqueou e destruiu propriedades". Ele argumenta que é "insustentável" homenagear um homem "desertor, traidor da pátria, que se aliou às forças da União Soviética".
O vice-presidente da Associação Memorial Luiz Carlos Prestes, Edson dos Santos, afirmou em reportagem de GaúchaZH que o projeto de Wambert está equivocado:
— O prédio é concebido por (Oscar) Niemeyer para homenagear o Prestes, não tem como fazer homenagem a outra figura ou movimento. O conceito do memorial foi feito para isso.
Amigo e fã de Prestes, Niemeyer chegou a abrigar o político em seu apartamento – o arquiteto apostou na leveza para a obra de aproximadamente 700 m² que constitui o memorial. No local, há uma linha do tempo da vida de Prestes, contada nas curvas e retas de uma parede vermelha – cor inspirada no ideário comunista. O acervo de 135 fotografias espalhadas pelo local foi cedido por Anita Leocádia Prestes, filha do político.