Mesmo com a liminar da Justiça que proíbe manifestações do Sindicato dos Municipários (Simpa) na área definida para o projeto Prefeitura nos Bairros, o prefeito Nelson Marchezan enfrentou protestos durante as atividades no bairro Santa Tereza, na manhã deste sábado (23).
Após tentarem, sem sucesso, derrubar a decisão judicial, cerca de 20 integrantes do Simpa foram ao evento e ficaram do outro lado da rua, com bandeiras e faixas pretas sobre a boca onde se lia "censura". O prefeito chegou por volta das 11h30min, cumprimentou moradores, tirou selfies e circulou pelos estandes que ofereciam serviços diversos — de adoção de animais a segunda via de documentos. Enquanto isso, o grupo do Simpa cantava versos contra o parcelamento de salários e outras medidas, à distância.
— Não estamos aqui não fazendo um protesto, mas uma demonstração do autoritarismo de Marchezan, que classificou este espaço como uma repartição pública — afirmou o diretor-presidente do sindicato, Alberto Terres.
Em seguida, durante a apresentação de uma banda de crianças do bairro, houve início de confusão quando uma mulher se aproximou e começou a gritar "fora, Marchezan". O prefeito se virou e pediu que ela "respeitasse as crianças". Em resposta, mais xingamentos e a adesão de outros manifestantes, que se identificaram como moradores da comunidade e servidores ligados à escola municipal Martim Aranha. Nenhum deles quis dar entrevista.
Três meninos, que seriam alunos do colégio, foram falar com Marchezan e perguntaram por que seus professores não recebiam salários. O prefeito explicou que o parcelamento se deve a dívidas de "governos anteriores" e, a partir daí, sempre que se movimentava entre as bancas do projeto, era seguido por manifestantes. Sobre as acusações de censura, rebateu:
— Censura era o que o Simpa fazia às crianças que estavam recebendo serviços da secretaria de Educação, às pessoas que estavam recebendo serviços de saúde, enfim, a todos aqueles que vinham, ou tentavam vir, ao Prefeitura nos Bairros para terem acesso a serviços. Estavam sendo fisicamente impedidos de ter acesso a esses serviços.
Segundo Marchezan, manifestações "são legítimas e necessárias à sociedade", mas não devem atrapalhar a oferta de serviços públicos ou "a vida diária das pessoas", como teria ocorrido em outras edições do Prefeitura nos Bairros.
— Estava atrapalhando os serviços básicos, mínimos, das comunidades mais carentes. Foram, de alguma forma, organizadas pelo Judiciário — disse Marchezan.
O Prefeitura nos Bairros é uma das apostas do prefeito. O projeto, em áreas com menor desenvolvimento da cidade, leva serviços de saúde, cultura e questões burocráticas para os bairros a cada 15 dias nos sábados. No último dia 2, no Partenon, Marchezan enfrentou protesto de servidores durante todo o tempo em que permaneceu na atividade. Dias depois a Justiça acatou o pedido da prefeitura de vetar protestos dentro do perímetro montado para as atividades.
Antes do bairro Santa Tereza, o projeto foi realizado nos bairros Mário Quintana, Ilha da Pintada, Lomba do Pinheiro, Bom Jesus, Santa Rosa de Lima e Partenon. Confira os números das seis edições, segundo o gabinete do prefeito:
- 17 mil atendimentos foram realizados, entre ações de cidadania, saúde, lazer, cultura, esporte e educação.
- 214 serviços municipais foram oferecidos por diferentes secretarias, Dmae, Demhab, Procon, como: regularização de ambulantes, defensoria pública, cartão SUS, atendimentos no ônibus da saúde, atendimentos oftalmo e odontológicos, vacinação.
- 20 mil pessoas é o público total estimado, com a participação de 1,5 mil servidores e 115 colaboradores voluntários
- O programa já distribuiu 12,5 mil peças de roupa
- Mais de 1,2 mil documentos foram entregues: CPF, identidade, carteira de trabalho e certidão de nascimento.
- 52 parcerias com órgãos do Estado, iniciativa privada, Exército, Lions. Cortes de cabelo e embelezamento são feitos com apoio da iniciativa privada.
- O Parque Chico Mendes, na primeira edição do programa, recebeu banheiros e vestiário reformados em uma parceria com o Sinduscon-RS
- Foram realizadas 291 entregas de serviços pedidos pelas comunidades (iluminação, sinalização de trânsito, capina, patrolamento de vias, reformas em paradas de ônibus)