Horas após ver rejeitado seu projeto de reajuste da planta de valores do IPTU de Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan já discute com sua equipe uma nova proposta para ser apresentada à Câmara Municipal. O chefe do Executivo acompanhou de seu gabinete as sessões, que acabaram com 25 votos contrários, 10 favoráveis e uma abstenção. A votação do texto, definido por ele como "justiça social e tributária", se estendeu até a madrugada desta quinta-feira — 42 emendas foram apreciadas.
— Não temos mais prazo para que tenha uma validade da legislação no ano que vem. Então, precisamos encaminhar neste ano ou no ano que vem um novo projeto para começar o debate e, se aprovado, valer a partir de 2019 — lamentou, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Durante as sessões de quarta-feira, vereadores considerados independentes reclamavam de pouco tempo para discutir o que classificavam de "pauta complexa". Para Marchezan, o período de debate e amadurecimento do projeto foi suficiente:
— Em todos os governos, essa pauta apareceu. Nós tivemos a coragem de enfrentar algo que sofre de omissão há 26 anos.
Marchezan afirma que a proposta de revisão da planta de valores do IPTU foi debatida junto às bancadas, pela equipe técnica da Secretaria Municipal da Fazenda, nas reuniões prévias e depois da apresentação da matéria, dentro da prefeitura e Câmara, em audiências públicas.
— Porto Alegre continua sendo a capital mais atrasada na sua legislação de IPTU, onde algumas pessoas pagam bem mais do que deveriam. E outras pagam bem menos do que deveriam pagar — afirma.
Sobre outra reclamação de parte dos vereadores de que haveria faltado diálogo entre Executivo e Legislativo, o prefeito também não concorda.
— A gente faz reuniões toda a semana com os líderes de bancada. A agenda está sempre à disposição dos vereadores. No caso do IPTU, o secretário da Fazenda esteve em todas as bancadas conversando com os vereadores — destaca.
Sobre os vídeos, áudios e manchetes mostrados por vereadores no telão da Câmara durante os discursos da tribuna, incluindo o ex-líder do governo Clàudio Janta (SD), em que Marchezan aparece afirmando que não aumentaria impostos, o prefeito justifica:
— Ocorre que quem paga hoje R$ 10, R$ 100 para um patrimônio de R$ 1 milhão, R$ 2 milhões, R$ 3 milhões está devendo para a cidade há décadas.