Um grupo de alunos do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, se uniu para promover a valorização dos imigrantes e a integração da sua cultura com o Brasil. O evento Ih!Migrei oportunizou um intercâmbio cultural com troca de experiências, apresentações de música e gastronomia haitiana, senegalesa e brasileira.
Tudo isso foi elaborado por estudantes do terceiro ano, preocupados com a falta de integração dos imigrantes com a comunidade. Além interação cultural, o evento realizado na tarde deste domingo no Vila Flores, no Bairro Floresta, teve oficinas de preparação para entrevistas de emprego, bate-papo sobre empoderamento feminino e dicas de organização financeira. Também era possível elaborar e imprimir o currículo profissional.
– A gente percebe que eles não recebem ajuda de ninguém, então, decidimos fazer o que a gente pode. Eles estão muito dispostos a trabalhar e aceitam tudo que a gente faz com boa vontade – avalia a estudante Isadora Wolfart Pinheiro, 16 anos.
Os alunos participaram da confecção das refeições senegalesas e haitianas comercializadas no evento. Uma delas é o mafé, mistura de nove ingredientes entre os quais carne de gado, cebola, alho, pasta de amendoim, pimenta, batata doce e arroz. Mesmo com a barreira da língua, principal dificuldade apontada pelos estudantes para a execução do evento, os imigrantes se sentiram acolhidos:
– Eles são muito atenciosos, querem saber da nossa história e da nossa vida. Nunca tinha participado de um evento assim – conta a senegalesa Maimouna Ndaw, 31 anos, que está há três anos em Porto Alegre, trabalha como atendente e preparou o mafé.
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As haitianas Azmene Pierre, 36 anos, e Joci Jasmin, 26 anos, também prepararam pratos do seu país. Da culinária brasileira, os imigrantes conheceram empada, pastel e brigadeiro.
Após apresentação de banda de estudantes, o haitiano Alix Georges, engenheiro da computação, há 11 anos no Brasil, interpretou composições próprias que farão parte do seu primeiro CD. O disco é solo, mas a apresentação no Ih!Migrei contou com parceiros que ele fez em Porto Alegre:
– É a primeira vez que um evento mostra o outro lado do imigrante, aspectos positivos e culturais, não nos colocando como "coitados" – comemora ele.
Alunos assumem protagonismo
O estudante Thiago Schneider, 16 anos, ressalta que os imigrantes são afetuosos e valorizam qualquer esforço de integração:
– As pessoas cruzam por eles na rua e não dão bola, passam reto. Não existe uma integração entre nós e eles, e é justamente isso que estamos tentando fazer aqui – argumenta.
– Queremos ouvir o que eles precisam. Eles não querem nada dado, mas precisam de orientações – complementa Isabela Martins, 16 anos.
A coordenadora de turno do Colégio Marista Rosário, Vera Vilanova, responsável por orientar os alunos, comenta que a iniciativa trouxe protagonismo para a gurizada:
– Eles estão fazendo tudo da cabeça deles, estamos deixando eles se desenvolverem e pensarem no assunto.
As oficinas realizadas no evento contaram com a parceria da Faculdade Senac Porto Alegre.