O estudante universitário Fábio Biguelini, 20 anos, pintou os cabelos de roxo para viver sua primeira experiência dentro de um hospital. Calouro do curso de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), na manhã desta quarta-feira ele confiou a cabeça às mãozinhas da pequena Fiorella Goulart, seis anos.
A menina passa por tratamento oncológico no Hospital da Criança Santo Antônio, na Capital e foi uma das protagonistas de um trote chamado Careca Amiga.
– Eu adorei! Foi o meu primeiro contato com paciente criança e uma experiência bastante rica. O lado humano é parte de ser médico – disse Fábio.
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Há um ano e três meses, Fiorella faz tratamento para um tumor no cérebro. A mãe, Laís Goulart, de Uruguaiana, conta que a menina teve de raspar os longos cabelos pouco antes de uma cirurgia.
– Eu achei que seria mais difícil, mas ela reagiu bem, é uma menina de muita fé. E as crianças se sentem bem melhor vendo as outras pessoas com a cabeça raspada – comentou a mãe.
Compenetrada, Ashley Luane Cueva Mendes, cinco anos, parecia muito a vontade com a máquina e raspou a cabeça de vários estudantes.
– Quando ela internou (há um ano, para tratar de leucemia), tinha os cabelos cheios de cachinhos. Na primeira vez que cortou o cabelo, eu e a cabeleireira choramos, enquanto ela ria e dizia que estava ficando linda. A Ashley nunca quis usar peruca ou faixa – observou Pamela Cueva, 32 anos, de Sapiranga.
Ao todo, 14 calouros cortaram os cabelos no Hospital Santo Antônio e quatro deixaram mechas para encaminhar à produção de perucas pela ong Cabelaço, que participa do trote que está na terceira edição.
A iniciativa é da Liga do Câncer e Centro Acadêmico da UFCSPA e tem o objetivo de incutir a empatia nos estudantes, relacionando momentos marcantes da vida dos pacientes oncológicos – como a queda dos cabelos durante o processo de quimioterapia – e dos estudantes de Medicina, que geralmente raspam a cabeça depois de alcançar a aprovação no vestibular.
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Cabeleireiros voluntários ligados à ong também estiveram presentes para finalizar os cortes feitos pelos pequenos pacientes, enquanto a ong Doutorzinhos animou a atividade. Até a Doutora Castanhola entregou as madeixas aos cuidados do pequeno Angelus Winkler, oito anos, de Gravataí, que trata de leucemia.
– Eu vejo como uma forma de humanizar o curso. Os estudantes doam a sua careca, é a doação do ato em si, ao paciente em atendimento oncológico – afirma a psicóloga Juliana Martini, membro da Cabelaço.