Levado para Carlos Barbosa em 2008 para ser transformado em atrativo turístico, o Trenzinho da Tristeza não recebeu mais do que descaso. Nove anos depois de retirar o veículo do Museu do Carvão e instalá-lo em um terreno a céu aberto, sem receber qualquer reparo, a prefeitura admite não ter a intenção de restaurar ou custear o transporte do maquinário para Porto Alegre, diz o vice-prefeito, Roberto Da-Fré.
Leia mais:
Trenzinho da Tristeza apodrece a céu aberto em Carlos Barbosa
Para comemorar 1 milhão de viagens, BikePoa dará passe livre a seis usuários
O Trenzinho da Tristeza foi levado para o município anos atrás, mas está abandonado. Há alguma movimentação para que ele volte a Porto Alegre?Confesso que estou bem a par dessa situação, devido a todo esse fuzuê... A esse monte de notícias que surgiram ainda na metade do ano passado, de que o trenzinho iria voltar para Porto Alegre. O trem não é do município, ele é a da entidade, do Iphan. Na verdade, a gente tem essa certeza: que o trem não é nosso ainda. Então a gente ficou sabendo dessa solicitação de o trem voltar para Porto Alegre, mas a gente não sabe até que ponto isso foi cogitado. Não fomos avisados de nada.
Existe alguma intenção do município em ficar com ele?
Na verdade nós não temos ainda... Até o... Digamos que até o final do mês de fevereiro, por aí, nossa ideia era que o trem não é nosso, então a gente não pode decidir o destino dele, né. Nós não temos nenhum documento dizendo que o trem pertence ao município de Carlos Barbosa. Então nós estávamos assim, se alguma entidade, alguma empresa decidisse pela permanência, por adotar o trem, ou conseguir o direito dele junto com o Iphan, não teria problema nenhum. Mas a gente de repente terá umas boas notícias para a sequência do ano, com, quem sabe, alguma situação do trem ficando aqui na própria cidade.
A prefeitura está batalhando para isso de alguma forma?
Na verdade, nós tivemos alguns interessados em nos auxiliar com essa reforma, então estamos analisando isso com muito carinho. Mas sabemos que é todo um processo que vai desde a gente receber esse patrimônio e depois ver como seria tratado. Mas é uma sequência de situações que devem acontecer.
Vocês já conversaram com o Iphan sobre o assunto?
Não conversamos com o Iphan ainda.
Foi um diálogo com a iniciativa privada?
Foi cogitado, foi levantado, em uma conversa informal, a possibilidade... Você vê que são hipóteses. Está em um início de conversa. E, como qualquer conversa, pode ter um destino bom ou um destino ruim. A gente vai amadurecer isso com o passar do tempo.
Na visão da prefeitura, o trem deveria ficar em Carlos Barbosa?
Não. Na visão da prefeitura, o trem deve ter um destino onde eles vão consertar ele. Para onde eles vão fazer a manutenção, vão fazer a restauração, não sei bem qual é o termo. Ele tem que ter uma utilidade. E não necessariamente seja aqui na cidade. Como eu falei logo de cara: se uma empresa decide adotar esse trem, uma instituição decide adotar esse maquinário todo, a gente não se opõe.
Alguém entrou em contato com a prefeitura para falar sobre ele?
Até o momento, que eu tenha conhecimento, não. A gente teria interesse. A cada dia que passa, ele fica em situação pior. Ele está lá, no tempo, está abandonado. Então a gente acredita que o quanto antes alguém chegar e trabalhar com ele vai ser melhor.
Ele não foi restaurado por falta de recursos?
Sinceramente, até por uma falta de planejamento. Se eu não me engano, saiu uma matéria que falava em R$ 200 mil para restaurar aquele trem. Eu tenho um pouco de conhecimento, e eu diria que a gente vai gastar até R$ 1 milhão para consertar aquele trem, porque ele está totalmente depredado. Com R$ 200 mil, praticamente, não se faz nada nele. É uma coisa que, realmente, o tempo não foi generoso com ele. É preciso de bastante tempo e bastante dinheiro para que seja consertado.
O que falta para que o município tome alguma atitude em relação ao trem?
Em que sentido?
De haver alguma movimentação, seja de tirar ele da cidade ou de reformá-lo.
Esses vagões pertencem ao Iphan, a gente não sabe o que fazer com eles. Não é nosso, é um patrimônio que é do Iphan. Então, se o Iphan chegar assim: nós iremos remover daqui, perfeito, vamos remover. Agora, se alguém tiver interesse em adotar ele, tem que entrar em contato com o Iphan, não é nem com a prefeitura, porque ele não pertence. É patrimônio do Iphan, né.