Mais de cem contêineres foram pichados durante a manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff ocorrida na quarta-feira (31) em Porto Alegre. Segundo a prefeitura da Capital, 110 equipamentos foram pichados no bairro Cidade Baixa. Outros dois foram queimados em frente à sede municipal do PMDB e na esquina das avenidas João Pessoa e Venâncio Aires.
Todos os contêineres danificados já foram recolhidos. Aqueles pichados passarão por limpeza e serão recolocados nas ruas. Já os dois queimados terão que ser substituídos.
A reportagem da Rádio Gaúcha ainda flagrou uma parada de ônibus sendo pichada na João Pessoa. Contudo, a prefeitura garante que ainda está fazendo balanço dos demais prejuízos.
A sede do PMDB, na mesma avenida, também foi depredada. O presidente municipal do partido, Antenor Ferrari, disse que a porta do local foi arrancada, vidros foram quebrados e alguns computadores, danificados.
A investigação dos atos de vandalismo ficará a cargo da 1ª Delegacia de Polícia (DP). Segundo o delegado Paulo César Jardim, uma equipe já está designada para coletar informações que ajudem a levar aos autores da depredação. O delegado, contudo, prefere não adiantar os primeiros passos que serão tomados, para não atrapalhar as investigações.
PMDB divulga nota de repúdio às depredações
Em nota divulgada nesta tarde, o PMDB afirma que esse já foi o quarto ataque à sede da João Pessoa nos últimos três meses. O texto também garante que, em pelo menos dois protestos, esteve presente o candidato a prefeito Raul Pont e a militância do PT e do PSOL. A nota ainda cita a candidata à prefeitura Luciana Genro e o coordenador de sua campanha, Roberto Robaina.
O coordenador de Campanha do PT, Carlos Pestana, frisou que o PT apoia e faz parte das manifestações, mas "defende o direito de manifestações pacíficas". Ele garante que Raul Pont participou da manifestação, mas que deixou o local assim que as depredações começaram. Pestana ainda disse que "há esforço do PMDB em criar um fato político".
Já Robaina diz que os incidentes ocorridos ontem na Capital, "nada tem a ver com a candidatura de Luciana". Ele lembra que o comitê do Psol, na João Pessoa, também foi alvo de pichação, o que é "repudiado" pelo partido. Sobre a participação de um assessor de Luciana no protesto, citada na nota do PMDB, Robaina diz que Marcelo Branco é apenas um apoiador da campanha e que suas opiniões não têm relação com as do partido.
Confira a nota divulgada pelo PMDB:
Na noite desta quarta-feira (31/08), a sede do Diretório Municipal do PMDB de Porto Alegre foi violada, depredada e incendiada por militantes que participavam de protesto contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Nas imagens divulgadas na web, bandeiras do PT.
Numa cidade que se orgulha da sua tradição democrática, a brutalidade dos atos praticados contra as instalações de um partido político é uma mancha difícil de apagar, sobretudo porque é pichada pelas mãos de militantes transformados em criminosos comuns.
Em verdade, este foi o quarto ataque perpetrado contra a sede do PMDB nos últimos três meses, todos eles premeditados e organizados pelas redes sociais. Em pelo menos dois protestos, esteve presente o candidato a prefeito Raul Pont e a militância do PT e do PSOL.
Nos meios de comunicação de hoje, tanto Raul Pont quanto Roberto Robaina, candidato a vereador e dirigente do PSOL, se eximem de responsabilidades sobre o crime praticado. Raul alega que se retirou do protesto antes do quebra-quebra, por conta da ação da Brigada Militar, enquanto Roberto Robaina defende-se atribuindo o crime aos militantes do PT.
De fato, por ação ou omissão, Raul Pont tem responsabilidade sobre o desfecho do protesto. Liderança histórica do PT, deputado estadual e ex-prefeito de Porto Alegre e novamente candidato a governar a Capital, sua obrigação era interferir na organização da marcha e evitar que, num dia em que o ambiente político estava radicalizado, ela passasse em frente à sede do PMDB.
Na hipótese de ter se omitido, Raul Pont expôs seus companheiros e a comunidade porto-alegrense à violência praticada contra um partido político. Se, ao contrário, agiu conscientemente, escondendo-se entre os mascarados, cometeu um crime, por cujas conseqüências deverá responder.
Por sua vez, Luciana Genro alega não ter participado dos protestos de ontem à noite. Até o momento, não disse uma palavra sobre o ocorrido. Ex-deputada federal e candidata a prefeita de Porto Alegre, deveria ter se posicionado contra o ato criminoso. Ao se omitir, segue o exemplo da Raul Pont, e se associa à violação da democracia.
Entretanto, o fato é que uma das principais figuras da Comunicação de Luciana Genro, Marcelo Branco – que trabalhou anos com o PT no comando das redes sociais no Brasil inteiro, defendendo Dilma Rousseff – fez um vídeo gravando todo o trajeto do protesto, com narrativa incentivadora ao ato, inclusive ao de depredação e proteção aos vândalos: “esta é uma homenagem ao PMDB”, disse ele, após arrancarem a porta de ferro do partido. “A militância do PSOL saindo junto, aqui, na marcha Fora Temer”, narrou Branco, numa explícita prova da participação do PSOL no protesto.
Diante de tamanha monstruosidade, os partidos democráticos, as instituições republicanas e a sociedade porto-alegrense devem responder com muita força e clareza: vocês não vão incendiar o Brasil e fazê-lo retornar às trevas do arbítrio, contra o qual o PMDB lutou para alcançarmos uma democracia plena!!
Estaremos, outra vez, na linha de frente da defesa da República, da democracia e da Constituição.