Prometido para a Copa do Mundo de 2014, um terminal de ônibus no bairro Cristal está longe de sair do papel mesmo depois da Olimpíada. O local, que deveria ser um importante ponto do sistema Bus Rapid Transit (BRT) na zona sul da cidade, agora recebeu um muro, no cruzamento das avenidas Icaraí e Chuí. O paredão isola o espaço junto ao Jockey Club em que seria construído o terminal.
– Até agora, nem sinal – queixa-se a babá Lourdes Ferrugem, 47 anos, enquanto esperava o ônibus em uma parada da Avenida Chuí.
A Secretaria de Gestão afirma que já havia um muro no local, delimitando a área do hipódromo, e que os trechos que tiveram de ser demolidos em função das obras da duplicação da Avenida Tronco estão sendo reconstruídos por questão de segurança. Mas o paredão é um indício de que ainda falta muito para o projeto que deveria melhorar o sistema de transporte público na Capital virar realidade: a prefeitura sequer tem previsão para o começo das obras, afirmando que depende da conclusão da duplicação da Avenida Tronco e de negociação com os consórcios de ônibus vencedores da licitação.
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O terreno onde deve (ou pelo menos deveria) ser construído o terminal foi negociado com a prefeitura por meio de uma permuta autorizada pela Câmara de Vereadores e pertence ao município, mesmo que ainda esteja dentro da propriedade do Jockey Club. Uma projeção de como ficaria a estrutura, que incluiria um centro popular de compras com 40 lojas, tocados por parte dos 121 comerciantes cujos negócios serão desapropriados na Tronco, havia sido divulgada ainda em 2012. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Gestão, o projeto ainda segue em fase de aprimoramento.
Atualmente, no cruzamento das avenidas Chuí, Icaraí e Divisa, está sendo construída uma rótula, que integra as obras da Tronco, com previsão de término para dezembro. Os trabalhos de duplicação da avenida foram marcados por uma série de atrasos. Em agosto do ano passado, a previsão era de conclusão no fim de 2016, mas agora a prefeitura prevê para dezembro de 2017.
Questionada sobre os motivos do atraso, a Secretaria de Gestão justifica-se argumentando que a duplicação da Tronco estava prevista há 60 anos e foi preciso encontrar solução habitacional para 1,5 mil famílias – ainda falta realocar 194. Com relação ao terminal, a pasta diz ainda que a demora ocorreu devido a uma negociação de quase dois anos com o Jockey Club para a liberação da área.
Integrados ao sistema Bus Rapid Transit (BRT), ainda estava prevista a construção de terminais na Avenida São Pedro (com Voluntários da Pátria), Rua Antônio de Carvalho (com Bento Gonçalves), na Manoel Elias (com Protásio Alves) e na Azenha (Domingos Crescêncio, entre Bento e João Pessoa), que também não saíram do papel ainda. A primeira parte dos BRTs (troca do piso de rolamento de asfalto por placas de concreto) foi concluída na Protásio Alves e na Bento Gonçalves e, na João Pessoa, está 60% pronta. Não há um prazo definido para a implantação total do sistema.