Os gastos com atos de vandalismo contra o patrimônio público em Porto Alegre já ultrapassam R$ 1 milhão nestes primeiros oito meses de 2016. Esse valor é retirado do orçamento de cada departamento, secretaria e companhia, o que impede ampliação de serviços e investimentos.
Além disso, algumas ações interferem diretamente no dia-a-dia população. São pichações, lixeiras queimadas, vidros de ônibus quebrados, brinquedos danificados, roubo de peças de bebedouros e monumentos, entre outros.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) investiu nos sete primeiros meses do ano de R$ 330.324,33 para repor e consertar todos os materiais danificados. O número preocupa, visto que durante todo o ano de 2015 foram R$ 400 mil.
No ranking dos principais alvos dos criminosos contra a EPTC estão elevadores, escadas e abrigos (mobiliário), com mais de R$ 221 mil; placas e suportes (gráficos), com R$ 106 mil, e botoeiras, cabos e semáforos (semafórica) com pouco mais de R$ 2 mil somente neste ano.
O gerente de mobiliário urbano e sinalização, Abaeté Torres, explica que este valor poderia ser aplicado em projetos de mobilidade e segurança. Abaeté destaca que não é só o dano material que o vandalismo provoca.
"Muitas vezes uma placa danificada, alvejada, roubada em um cruzamento pode provocar um acidente e a perde de uma vida", comenta Torres.
Ele ressalta ainda que na medida que um equipamento que visa a facilitar a acessibilidade é atingido, o prejuízo é da população que depende deste equipamento.
Na Carris, o principal ato de vandalismo são as pedras arremessadas contra os coletivos. Até o dia 11 de agosto, a companhia gastou R$ 16.801,48 em 100 ocorrências de danos aos ônibus da Carris.
O presidente em exercício Vidal Pedro Dias Abreu, comenta que esses danos prejudicam diretamente os usuários, pois quando um ônibus tem o vidro danificado, este veículo é retido até que seja consertado.
"Não é uma coisa tão simples trocar um vidro até porque temos diferentes tipos de vidro, tem que ver se tem estoque, se é necessário comprar e enquanto não tiver vidro ele fica sem rodar", diz Abreu.
Há, no entanto, outras ações de depredação contra a Carris como cortes e quebra de bancos e pichação, porém com menor custo e incidência. Estas ações, em geral, ocorrem com mais frequências em dias de paralisações, manifestações e jogos da dupla Gre-Nal.
Já o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) gasta metade da verba mensal destinada para manutenção de banheiros públicos - cerca de R$ 40 mil - com a depredação dos sanitários. No caso dos contêineres, quando há a queima, pichação ou quando um automóvel colide neste equipamento o prejuízo é da empresa terceirizada. Isso porque o contrato do DMLU prevê a reposição do recipiente em casos de danos.
Para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2015, a empresa Conesul teve prejuízo de R$ 13.920 devido a estragos em 29 recipientes. No mesmo período de 2016, houve uma redução nos ataques a contêineres, totalizando R$ 10.350,00 relativos a 23 contêineres.
Outro problema recorrente é a depredação de lixeiras. O diretor-geral do Departamento, Gustavo Fontana, explica que, neste ano, foram compradas cinco mil cestos coletores - destes três mil instaladas e duas mil no estoque para reposição.
"O DMLU gastou cerca de R$ 1 milhão de reais nesta aquisição", revela Fontana. O diretor destaca que se não houvesse vandalismo, o serviços nos sanitários e até investimento em outras áreas poderiam ser aperfeiçoados.
No caso da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), os casos mais comuns de vandalismo se referem à iluminação pública. O custo para reparar as ações somente no primeiro semestre deste ano chega é R$ 40.000,00 - metade do total gasto em todo o ano passado.
E não para por aí, a Secretaria de Cultura destina R$ 300 mil por ano para restauro e recuperação de monumentos. Já a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) desembolsou, no último ano, R$ 500 mil em materiais para a manutenção das áreas verdes de Porto Alegre.
Deste valor, 85% são direcionados para a recuperação e restauração devido aos atos de vandalismo como mau uso de balanços, estragos das telas das quadras esportivas e quebra de bebedouros. O valor deve aumentar, pois a secretaria contratou empresa responsável pela mão de obra no valor de R$ 1,5 milhão e que deve começar a operar no mês de setembro.
Segundo a chefe da Divisão de Conservação e Manutenção (DCM), Aristela Venturini, o valor podia ser empregado pra melhorias voltadas à população.
"Temos inúmeros pedidos de reurbanização de espaços, solicitação de academias ao ar livre e que, por carência de recursos, não podemos fazer", lamenta Aristela Venturini.
A Guarda Municipal que tem como atribuição garantir a segurança do patrimônio público, não consegue controlar as ações dos vândalos. De acordo com o comandante-geral da Guarda Municipal, Luiz Antônio Pithan, devido a grande demanda de trabalho e efetivo reduzido, a guarda atende as depredações a partir de denúncias.
"Mesmo que triplicasse o efetivo não seria possível estar em todas os locais, então acredito que uma solução é investir mais em videomonitoramento", opina.
Alguns órgãos, por sua vez, não registraram ações contra o patrimônio como é o caso da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME), Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) e Departamento de Esgotos Pluviais(DEP). As denúncias podem ser feitas através do telefone 156.