Desde o fim de semana, uma cena triste emerge do lago do Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Cadáveres de peixes que costumam viver no local surgiram perto das margens do curso d'água.
Mas o fato que impressionou alguns frequentadores do Parcão, embora indesejável, não é novidade nem motivo para maiores preocupações, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). Conforme a pasta, tratam-se de tilápias, um tipo de peixe de origem africana que não resiste a baixas temperaturas. Diante do frio intenso que marcou o fim do outono e começo do inverno na Capital, o aumento no número de mortes é considerado normal.
– Isso acontece todo o ano e, neste inverno, já ocorreu em outros parques, como o Marinha. Em épocas mais frias, esses peixes, que não são nativos, morrem – explica a chefe da equipe de fauna da Smam, Soraya Ribeiro.
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A secretaria não sabe explicar como essa espécie chegou até os parques de Porto Alegre – uma das hipóteses é que a população possa ter colocado os animais no local, como já ocorreu com tartarugas. O doutor em biociências Pablo César Albornoz diz que, em épocas de cheia, ocorre de peixes de criadouros irem parar em cursos d'água naturais. Em ambos os casos, os forasteiros oferecem riscos.
– As espécies exóticas estão diretamente relacionadas à perda da diversidade, porque muitas vezes elas competem com as espécies nativas, ameaçando a fauna local – explica o professor da Unisinos.
Segundo ele, a principal orientação para evitar problemas é que as pessoas evitem inserir animais exóticos na fauna local sem autorização. Quando já ocorreu a mortandade, como no caso do Parcão, o mais importante é retirar os peixes mortos assim que possível. Isso porque a matéria orgânica dos peixes decompostos provoca queda no oxigênio da água, ameaçando outros peixes.
– Tem de recolher para não causar um impacto ainda maior – diz.
A Smam ainda não informou quando serão recolhidos os peixes mortos nos parques Marinha do Brasil e Moinhos de Vento.