Ex-morador de rua, onde viveu dos dez aos 16 anos, o ex-caminhoneiro e hoje empresário Éverton Alfonsin, 46 anos, de Canoas, encontrou no trabalho social um caminho para ajudar outros a não sofrerem as dificuldades enfrentadas por ele.
Inspirado por uma família que o acolheu no final da adolescência, e que lhe mostrou um novo caminho, Éverton começou distribuindo 30 brinquedos a crianças carentes no Natal. Hoje, a ação distribui 10 mil brinquedos todos os anos. Ele também leva projetos sociais a seis presídios do Estado. Neste ano, foi o responsável por 183 ações sociais envolvendo crianças, idosos e detentos.
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Mas o maior desafio de Éverton veio em 2011, quando passou a se dedicar à presidência voluntária do Lar da Velhice São José, no Bairro Niterói, em Canoas. O convite partiu da filha de Filomena Meireles, criadora da entidade assistencial, depois que a mãe dela morreu. Desde de 24 de dezembro de 2011, quando assumiu a direção ao lado da mulher, a pedagoga Inês Pacheco, 55 anos, Éverton revolucionou a instituição existente há mais de meio século.
Hoje, a instituição atende a 40 homens e mulheres com mais de 60 anos. Destes, 16 são adotados por Éverton por não terem vínculo familiar. Com o lema "resolvo, não deixo para amanhã", ele encontra tempo entre as cinco empresas que administra para visitar, diariamente, e levar alegria aos velhinhos.
O lar
"Trabalhar com idoso, como a gente trabalha no Lar São José, é reviver. Os idosos têm uma importância como se fosse uma vela. Eles têm que apagar até o fim. Nós não podemos cortar o caminho deles. Muitas vezes, as pessoas interpretam que o lar de idosos é um depósito de velhos. Não! O lar de idosos é uma casa deles, por opção ou não. Trabalhar com idosos é trabalhar com respeito."
O social
"Busco sempre o bem maior dentro do trabalho social que eu faço. O social não é um dia só chegar num lugar e levar uma cesta básica ou ir lá e levar um brinquedinho. Não! O social é todos os dias tu melhorar como ser humano e tu ajudar as pessoas no que ela tem de melhor."
Os filhos
"Tenho filhos aqui. Dos 40 idosos que estão no lar, 16 são adotados por mim. Tenho a curatela deles, que não têm famílias, e eles não pagam para estar aqui. O momento especial é quando eu chego aqui brincando, e eles são eles mesmos."
O bem
"Fazer o bem sem olhar a quem é fundamental. Mas o principal do ser humano é que ele se sinta bem fazendo isso. Não seja uma coisa forçada. Não seja uma coisa pontual. Seja todos os dias. É tu desejar o bem ao ser humano. Quando você deseja o bem, sai satisfeito."
A união
"Você não consegue fazer o bem sozinho. Precisa de pessoas que acreditam nisso. Quando a gente se dedica diariamente aqui a levar uma história diferente para eles, que se o início e o meio não foi perfeito, mas que o fim seja perfeito, a gente se dedica muito mais para nós porque nós aprendemos a respeitar. Fazer a diferença é igual a uma palma da mão. Cada dedo tem a sua utilidade. E nenhum consegue fazer o trabalho do outro. Todos juntos conseguem fazer um trabalho único."