Por três horas e meia, das 7h às 10h30min, foi quase impossível circular pelo centro de Porto Alegre. Cerca de 100 manifestantes da comunidade Bela Vista, no bairro Rubem Berta, zona norte da Capital, bloquearam as avenidas Mauá e Júlio de Castilhos, e trancaram o viaduto que liga a Avenida da Legalidade e Democracia à Rua da Conceição. Eles seguiram em direção à Assembleia Legislativa, e devem ser recebidos por uma equipe do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) às 15h.
Com faixas e cartazes, eles exigiam mais tempo para o cumprimento de uma reintegração de posse, prevista para 15 de dezembro na região. Depois do ato, eles chegaram a se dirigir ao Paço Municipal para tentar um encontro com o prefeito José Fortunati, mas não foram recebidos.
O fluxo só começou a ser liberado após negociação entre os manifestantes e o secretário municipal de Urbanismo, Valter Nalgestein, que prometeu o encontro na prefeitura. Porém, em entrevista à Rádio Gaúcha, o prefeito José Fortunati garantiu que não receberá os líderes do protesto e disse que se trata de um grupo manipulado "por uma verdadeira máfia" de grileiros que "utilizam pessoas de boa fé que precisam de moradias":
- Eles ocuparam a área, venderam e contam com um escritório. É uma verdadeira máfia. Não estamos tratando apenas de pessoas ingênuas. Muitas delas são usadas por pessoas inescrupulosas. Não há possibilidade (de receber o grupo).
Conforme informações da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o trânsito ficou parado na região central da cidade no horário de pico, principalmente para quem chegava à Capital. Apenas às 10h30min os manifestantes partiram em caminhada para o Paço Municipal. Por volta das 11h, eles chegaram em frente ao Paço Municipal depois de serem escoltados pela Brigada Militar. Outros integrantes do movimento participaram de reunião com o governo estadual, na sede da Casa Civil.
- Estamos aqui porque seremos despejados dia 15 e não temos onde colocar nossas crianças. Teremos de ir para baixo das pontes e viadutos. Só queremos um Natal bem garantido para as crianças - afirmou a doméstica Giana Silva, 33 anos.
O grupo pede mais prazo, ao menos até o dia 16, quando ocorrerá uma audiência pública na Assembleia Legislativa para tratar do tema. Cerca de 350 famílias moram no local. Eles afirmaram que os bloqueios às avenidas podem se estender ao longo dos próximos dias se a reivindicação não for atendida.
- O que eles estão fazendo é coação. Por isso, o prefeito não vai recebê-los. Não será com chantagem que abriremos exceção - garantiu Fortunati.
Veja fotos da manifestação:
* Zero Hora