Tradicional pedido de uma das bancas mais queridas do Mercado Público, a Bomba Royal poderá agora ser apreciada pelos frequentadores da Padre Chagas. A octogenária porção de sorvete de creme, chocolate, morango, nata e frutas servida desde os primórdios da Banca 40, agora sai da primeira casa e vai para uma zona nobre da gastronomia porto-alegrense.
Reza a lenda que a sobremesa foi batizada assim pela nora do primeiro proprietário, Manoel Maria Martins, quando imigrantes oriundos da Segunda Guerra chegavam ao local e queriam provar todas as iguarias oferecidas no recinto. Ao sorvete com frutas, acresciam a nata batida a mão (até hoje, um dos produtos mais vendidos por lá) e encantavam-se com o sabor.
No silêncio e sem a pressa do relógio: como é viver em outro ritmo na Capital
Por amor ao filho, Ruth mudou a vida de 80 excepcionais em 40 anos
Seguindo a tendência do movimento encampado pela Temakeria Japesca e Café do Mercado, que já possuem inúmeras unidades fora do Mercado, a Banca 40 leva para a Padre Chagas mais do que um serviço: por muitos anos, a banca foi símbolo de um consumo glamouroso no Centro de Porto Alegre, e ainda hoje, é sinônimo de turismo e lazer para gaúchos de várias gerações. Na família da autônoma Yamila Deise Santos, o hábito introduzido pelo avô, agora, ela faz questão de passar ao filho:
- Adoramos comer a bomba. Toda a família frequenta o local. Faz parte das nossas vidas - afirma.
Um dos sócios-proprietários, João Bonnel Júnior explica que a ampliação das fronteiras surgiu de uma oportunidade de negócio que casou com a demanda da freguesia.
- O público queria mais espaço e manifestava vontade de consumir o produto fora do Mercado.
A proposta, segundo ele, é manter os mesmos serviços e itens do cardápio, com algumas adaptações. Os proprietários estudam fazer pequenos ajustes nos preços para cobrir os gastos com a logística, já que toda a matéria-prima virá da matriz. Nas prateleiras da nova casa, deverão constar produtos como café moído na hora e peixe cru.
Situado na primeira quadra da rua mais badalada do Moinhos de Vento, o novo espaço terá cerca de 400 metros quadrados (100 metros quadrados a mais do que a primeira sede) e ocupará um prédio de dois andares que já foi restaurante japonês e indiano. Contará com deck de madeira e funcionará de segunda a sábado, no horário das 8h às 20h - no verão vai até mais tarde.
Gerente da nova unidade, Arthur Gonçalves aposta na simplicidade como ingrediente para cativar a nova clientela:
- A Padre Chagas vai ganhar muito com a nossa tradição. É nisso que apostamos.
Na unidade do Moinhos, irão trabalhar 25 funcionários. Nos próximos dias, eles serão treinados para aprender os segredos da casa. Haja pique: os 120 litros de sorvete batidos artesanalmente a cada amanhecer são consumidos por um público diário 1,2 mil pessoas. Esses números dobram no verão.
