Fracassou mais uma vez a negociação entre os grevistas e a prefeitura de Porto Alegre. A reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira no Paço Municipal (anteriormente chegou a ser agendada para o auditório da EPTC) foi marcada pelo impasse.
O vice-prefeito Sebastião Melo reafirmou que não poderá pagar o reajuste de 8,17% em uma só parcela e que manterá o desconto pelos dias parados, pontos essenciais para a categoria, especialmente o segundo deles. Melo afirmou que a prefeitura poderia ter radicalizado em vez de descontar os salários:
- Não pedimos a ilegalidade da greve nem chamamos a Brigada Militar para desocupar o prédio administrativo.
A prefeitura bateu na tecla da falta de recursos, o que foi explanado pela procuradora-geral do município, Cristiane Nery, e pela secretária municipal de Planejamento, Izabel Matte. Izabel disse que atualmente o município tem um risco de déficit superior a R$ 100 milhões, conforme a estimativa de receita e de despesa.
- Nós não temos como pagar o reajuste de uma vez só. A prefeitura não tem dinheiro. Isso é fato - reforçou Melo.
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Em resposta, integrantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) acusaram a prefeitura de querer cobrir o déficit as suas custas. Segundo levantamento do Simpa, a economia com parcelamento chegaria a R$ 85 milhões.
A diretora de Comunicação do Simpa, Carmen Padilha, criticou o que seria uma posição irredutível da prefeitura, e disse que a decisão de não atender às reivindicações com base no discurso da falta de dinheiro é política, já que foi criada uma série de gratificações, como as dos auditores da Fazenda. Carmen também deu exemplos de como a categoria teria sido mais flexível do que a prefeitura.
- Entramos reivindicando 20%, e agora reivindicamos 8,17%. Se a prefeitura está em dificuldade, sempre dá um jeito, com Banco Mundial etc. Mas nós não temos essa possibilidade de financiamento - comparou.
No final da reunião, o clima esquentou. Melo subiu o tom e bateu com o punho na mesa mais de uma dezena de vezes. Carmen tentou interferir e o vice-prefeito aumentou a voz.
- Vocês criticam o desconto enquanto ainda não terminou a greve, mas como se começa uma greve já fechando prédio da prefeitura? - questionou Melo.
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Em seguida, Carmen também levantou a voz:
- Nós não somos vagabundos, nós estamos em greve, houve uma ruptura no acordo de trabalho. Não é correto cortar o ponto. Mas vocês podem tudo, vocês têm a caneta. E nós só podemos fazer piquete.
A única comemoração foi pela manutenção da mesa de negociação. Os dois lados encerraram o encontro citando terem chegado ao limite.
A categoria decidirá às 14h sobre os rumos da greve em assembleia na Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia. Lá, a resposta da categoria será "à altura", indicou Carmen.
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