A Polícia Civil voltou ao Condomínio Princesa Isabel, no bairro Santana, em Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira. O local é um conhecido ponto de venda de drogas, que, até o começo do ano, estava sob domínio de Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, 35 anos, executado em janeiro, em Tramandaí, no Litoral Norte. Em março, uma operação da Brigada Militar terminou em confronto com moradores locais.
Nesta quinta, chamada de Regium (do latim, realeza), a operação foi comandada pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e cumpriu 40 mandados de busca e apreensão - 38 no Princesa Isabel e outros dois na casa de familiares de Xandi, na Zona Sul.
Em um desses locais, um residencial de classe média na Avenida Juca Batista, na zona sul da Capital, foi apreendida uma pequena porção de maconha com Cléo Goulart Madeira, 30 anos, irmão de Xandi. Condenado até 2018 por tráfico de drogas, Cléo cumpre a pena em casa, usando tornozeleira eletrônica.
Conforme o delegado Thiago Lacerda, Cléo alega que é usuário. O depoimento dele será anexado aos inquéritos que investigam o tráfico de drogas no Condomínio Princesa Isabel e a outro que apura a lavagem de dinheiro envolvendo pessoas ligadas a Xandi.
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A operação, que reuniu cerca de 230 policiais e contou com o apoio de um helicóptero, terminou com a apreensão de folhas com anotações de venda de drogas, um celular com mensagens recebidas de um preso relacionadas ao comércio do tráfico e uma motocicleta com chassi adulterado. Além disso, foram recolhidas 48 pedras de crack, porções de maconha e buchas de cocaína - jogados pelas janela dos apartamentos quando a polícia entrou no local.
- O objetivo da polícia nessas operações é se fazer presente em áreas conflagradas. (As ações) serão regulares - afirmou o delegado Leonel Carivali, diretor de Operações do Denarc.
Veja fotos da operação:
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O Condomínio Princesa Isabel ficou conhecido por fazer um grafite em homenagem a Xandi, considerado pela polícia um dos maiores traficantes da Capital. No mesmo dia do confronto com a BM, os moradores apagaram a imagem, considerada apologia ao crime, cumprindo um acordo feito entre a Polícia Civil e a representante dos moradores do condomínio, Eurides Teresinha Pires da Costa.
Operação terminou em confronto em março
Na manhã do dia 19 de março, uma operação da BM no Condomínio Princesa Isabel terminou em confronto entre policiais e moradores. Alguns moradores e um brigadiano ficaram feridos.
Na ocasião, o Pelotão de Operações Especiais (POE) disse que buscava um traficante que estaria foragido e armado no condomínio. Durante a operação, outros três jovens - entre eles, duas mulheres - foram detidos em flagrante por tráfico de drogas. Um adolescente, que estava sendo procurado, também foi localizado no local e apreendido pelos policiais.
No momento em que deixaria o condomínio, a BM teria sido atingida por pedras e garrafas, conta o sargento. Conforme o policial militar, agentes teriam revidado as agressões com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Na mesma manhã, grafite de Xandi começava a ser coberto no condomínio.
Na versão dos moradores, a confusão começou devido ao abuso da polícia, que teria invadido pelo menos cinco apartamentos, destruído móveis e torturado condôminos. Em uma das casas, moradores mostraram sacos plásticos pretos, que teriam sido usados para sufocamento.
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Em vídeo, veja imagens da ação e relatos dos moradores:
* Zero Hora