O espaço insuficiente nos prédios da UFRGS tem obrigado o deslocamento de estudantes para estudarem fora dos campi justamente no início das aulas na instituição, nesta semana. Por volta de 240 turmas deixaram de ter aulas no Prédio Novo (Campus Central), por exemplo, interditado pela Justiça, sob risco de desabar. Sem a possibilidade de contar com essas salas, as tratativas de um grupo de estudantes do Direito e a direção do curso seguem no rumo de se tentar uma rotatividade de aulas no Castelinho, sede da faculdade, medida que é apoiada pelo Caar e pelo DCE.
- Acredito que umas 350 a 400 pessoas estão tendo aulas fora da Faculdade de Direito - calcula Natália Bratti, do sexto semestre noturno e uma porta-voz do grupo.
Uma explicação que a UFRGS dá para a falta de espaço nas salas é que a ampliação física da instituição não acompanhou as definições de abertura de novas vagas nos cursos, catapultadas especialmente pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Há quatro anos, o número de vagas oferecidas para o Direito disparou: dobrou de 140 para 280, inicialmente, e hoje chega a 350.
No prédio da Psicologia, cerca de 1,3 mil estudantes de graduação e de pós que o frequentam durante o período letivo estão impedidos de estudar lá desde o início de dezembro do ano passado. Tudo começou com o desabamento de parte do revestimento da sala de um professor. Depois, um laudo apontou a necessidade de interditar toda a estrutura. Conforme a UFRGS, as obras "compreendem a retirada de 4.218 m² de revestimento".
Outros problemas estruturais também são relatados por estudantes da UFRGS. Um deles é a escadaria do prédio da Química no Campus do Vale, interditada desde 28 de janeiro e que a UFRGS estima estar arrumada em 30 dias. Mais um prédio da Química, este no Campus Central, está sendo esvaziado para reformas. Tombado como patrimônio, ainda não tem data para início da obra, que está em fase de licitação. O imóvel não recebia número expressivo de aulas, mas guarda laboratórios que estão sendo desmontados e deverão funcionar em outros locais.
Para completar o panorama, os restaurantes universitários ainda não reabriram, mesmo com o reinício das aulas. A causa é o fim do contrato da terceirizada dos estabelecimentos. Segundo um funcionário, a empresa vencedora da licitação desistiu do serviço e foi contratada uma nova, emergencialmente. De cinco RUs, dois (Centro e Vale) abrirão no próximo dia 16. Os demais começarão a funcionar até o final do mês.
Daqui a duas semanas, o DCE planeja convocar uma assembleia para unificar a luta dos estudantes e organizar mobilizações por mais infraestrutura na universidade.