A presidente Dilma Rousseff anunciou que a partir de 2015 o curso de Medicina terá duração de oito anos, e não seis. O estudante deverá atuar por dois anos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em urgências e emergências do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida só vale, na prática, a partir de 2022, mas a resposta dos médicos foi bastante negativa. Os estudantes também não gostaram da reformulação curricular e não veem necessidade de mudança. Jardel Pereira Tessari é aluno do curso de Medicina da UFRGS e acredita que é uma manobra do governo para não investir em infraestrutura.
- Eu vejo isso como um sequestro do diploma que me obriga a trabalhar por mais dois anos. Sem contar que não existe infraestrutura. Disponibilizar uma sala com uma mesa, uma cadeira e um médico não é abrir um Posto de Saúde, explica.
Já o diretor do Departamento de Gestão em Educação e Saúde do Ministério da Saúde afirma que existe, sim, a necessidade de reformulação do currículo. Para Felipe Proença, o foco da formação é muito centrado no hospital e, consequentemente, os estudantes não conhecem a realidade dos pacientes.
A medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso e pelo Conselho Nacional de Educação. Médicos e estudantes se reúnem em assembleia nesta quarta-feira, às sete da noite, na sede da Amrigs, para discutir as ações. Eles reivindicam carreira de Estado, pois da maneira como as vagas são oferecidas no interior, não há perspectiva de progressão, e é isso que mantém os médicos em grandes centros.
A proposta prevê que os alunos permaneçam vinculados às instituições de ensino e que tenham acompanhamento. Proença destaca, ainda, investimentos em infraestrutura, reformas e construção de novas UBS. Os médicos em formação receberão bolsa de R$ 10 mil para atuarem em locais mais distantes. Conforme as condições do lugar, a ajuda de custo pode chegar a R$ 30 mil. Além disso, o Ministério da Educação criará mais de 11 mil vagas de graduação em cursos de medicina.
Ouça a opinião de José Geraldo Ramos, diretor do curso de medicina da UFRGS, do vice-reitor da Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Luis Henrique Telles da Rosa, e do diretor da faculdade de medicina na PUC, Jeferson Braga da Silva, no Gaúcha Repórter desta terça-feira.
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