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STF começa julgamento de trama golpista nesta terça; Bolsonaro e mais sete aliados podem virar réus

Denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República será analisada pelos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Decisão deve sair na quarta-feira

Saulo Cruz / Agência Senado
Se Corte aceitar denúncia, Bolsonaro se torna réu.

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar nesta terça-feira (25) se aceita ou não a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete investigados por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado. A análise será feita pela Primeira Turma do STF e terá início na sessão marcada para 9h30min.

A Primeira Turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Uma maioria simples de três votos entre os cinco possíveis já confirma a decisão de aceitar ou não a denúncia.

Se a denúncia for aceita, terá formalmente início a ação penal, que passará a julgar então o mérito das acusações, se os denunciados são culpados ou não pelos crimes listados pela PGR. Se os ministros decidirem pelo não recebimento, a denúncia é arquivada, e a ação penal para julgar o mérito das acusações nem se inicia.

O STF projeta analisar o recebimento da denúncia em três sessões. Duas serão realizadas nesta terça, às 9h30min e às 14h, e outra na quarta-feira (26), com início às 9h30min, quando deverá ser anunciada a decisão.

— Nesta terça-feira, o STF começa a analisar se recebe ou não a denúncia que foi feita pela Procuradoria-Geral da República, ou seja, analisa se há elementos suficientes para que a ação penal ocorra. O recebimento da denúncia, que é a tendência, abre então de forma oficial essa fase de análise do mérito das acusações — explica Cezar Giacobbo de Lima, advogado criminalista e Professor de Prática Penal na Ulbra.

Os oito denunciados

Neste primeiro momento, serão analisadas denúncias contra oito investigados. Para a PGR, os denunciados formam o "núcleo crucial" da trama golpista investigada. Compõem o primeiro grupo:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); 
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
  • Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; 
  • Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atual deputado federal;
  • Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada.

Os crimes

A denúncia da PGR aponta que Bolsonaro e seus aliados teriam cometido cinco crimes:

  1. Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito
  2. Golpe de Estado
  3. Organização criminosa armada
  4. Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima
  5. Deterioração de patrimônio tombado

O rito processual

  • O presidente da Primeira Turma do STF, o ministro Cristiano Zanin, fará uma abertura oficial da sessão. Após, o ministro Alexandre de Moraes fará uma leitura do relatório da denúncia.
  • O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fará uma sustentação oral de até 30 minutos, apresentando suas considerações principais e reiterando a denúncia dos crimes. Em seguida, os advogados de defesa também poderão se manifestar, por até 15 minutos, pedindo que a denúncia seja rejeitada.
  • Antes de analisar o recebimento da denúncia, a Primeira Turma poderá deliberar sobre questões processuais preliminares, como a competência da Corte para julgar o caso, por exemplo, caso seja provocada pelas defesas. Na sequência, então, os cinco ministros decidem se aceitam ou não o pedido de denúncia da PGR. Uma maioria simples de três votos entre os cinco possíveis define a votação.
  • Se a denúncia for aceita, terá início a fase processual da ação penal, ou seja, passará a ser analisado o mérito das acusações criminais, se o tribunal entende que os então acusados cometeram ou não os crimes apontados pela PGR. Se a decisão for pelo não recebimento, a denúncia é arquivada, e não ocorre a análise do mérito das acusações criminais. 
  • O resultado da análise deverá ser anunciado ao final da sessão marcada para a manhã de quarta-feira

O plano golpista

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas por um suposto movimento criminoso que teria como objetivo desestabilizar a ordem democrática no Brasil, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022 e mantendo Bolsonaro no poder.

As ações, diz a denúncia, se iniciaram ainda em 2021, com os ataques sistemáticos ao sistema eletrônico de votação, e envolveram também tentativas de impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições, pressão sobre comandantes militares para uma intervenção armada, elaboração de minutas para atos contra a ordem constitucional e até um plano para assassinar autoridades, como Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A PGR argumenta que os ataques em Brasília em 8 de janeiro de 2023 foram a tentativa final de pôr em prática um golpe de Estado.


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