Após reunião de trabalho do Conselho do Plano Rio Grande na tarde desta quarta-feira (14), o governador Eduardo Leite avaliou que a necessidade de moradias para famílias atingidas pela enchente é um dos temas que mais o preocupa neste momento. O encontro serviu para o governo estadual apresentar um balanço das ações de enfrentamento e reconstrução passados cem dias da calamidade.
Leite reforçou que os primeiros módulos habitacionais provisórios estão sendo instalados, mas a aflição é por não ser uma solução definitiva. Para garantir as casas de forma permanente, ainda é necessário resolver questões envolvendo as áreas onde serão construídas novas casas, definir os projetos e então começar as obras.
— A gente está buscando, de todas as formas, construir soluções que deem dignidade a essas pessoas. A solução para resolver terrenos, áreas, projetos e começar obras é uma das nossas grandes preocupações, especialmente nas comunidades em que compra de imóveis prontos não será uma alternativa — pontuou, em coletiva de imprensa.
O governador também chamou atenção para os problemas causados em razão de o aeroporto Salgado Filho ainda estar fechado, mesmo com a previsão de reabertura em outubro. Com a retomada da infraestrutura, o Estado planeja lançar campanha promocional para atrair turistas ao RS.
Na reunião com os conselheiros, fechada à imprensa, Leite ressaltou que o Piratini já investiu R$ 1,6 bilhão em ações para mitigar efeitos das chuvas e desenvolver ações de reconstrução. Os recursos, de acordo com o governo, estão sendo aplicados desde o final de abril.
A secretaria da Reconstrução Gaúcha, chefiada por Pedro Capeluppi, está monitorando 50 demandas de resiliência (que envolvem sistemas de proteção de cheias e desassoreamento de rios, por exemplo), de preparação (como reforço nas estruturas de resposta e mapeamento topográfico do Estado) e de reconstrução (citando como exemplo escolas, pontes, rodovias e moradias).
Ainda no encontro, a Defesa Civil do Estado apresentou dois novos projetos: a implementação do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (Cegird) e a Política Estadual de Gestão de Riscos e Desastres. As novidades não foram detalhadas publicamente.
Agradecimento ao governo federal
Questionado sobre medidas do Estado para o agronegócio — setor que, na avaliação do governador, não recebeu soluções eficazes do governo federal —, Leite reforçou que o programa estadual Agro Família tem recursos disponibilizados em especial para a produção familiar e à cadeia produtiva do leite:
— A maior parte do financiamento do agronegócio brasileiro se dá através de recursos federais. O que é demandado pelos produtores é em relação às dívidas contraídas pelo sistema de financiamento do agronegócio, que é essencialmente federal. Não se trata apenas desta calamidade, se trata da recorrência de eventos climáticos que geraram queda de produtividade do agronegócio gaúcho por estiagens em anos anteriores e agora agravada.
A respeito das recentes críticas à União, seja pela demora no envio de recursos ou em relação à dívida do Estado, Eduardo Leite enfatizou que não são críticas pessoalizadas no presidente Lula, que tem agenda no Estado na próxima sexta-feira (16).
— Vejo disposição, vejo interesse genuíno do presidente de ajudar. Acredito na boa intenção do presidente e no comando que ele tenha dado aos seus ministros para ajudar o Rio Grande do Sul. De outro lado, o fato é que essas ajudas não estão chegando na forma como elas estão sendo apresentadas, elas não se operacionalizam concretamente. Optaram por um caminho mais burocratizado. Agradecemos muito as medidas que foram feitas, mas essas demoras é que nos geram angústias.