O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, realizou nesta terça-feira (19), um pronunciamento sobre o caso Marielle Franco. Na fala, o ministro confirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a delação premiada de Ronnie Lessa. A coletiva de imprensa acontece depois de Lewandowski se reunir com Alexandre de Moraes, que é o ministro relator do caso no Supremo.
— Nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que em breve teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco — afirmou o ministro da Justiça.
Na colaboração premiada, o investigado se compromete com a Justiça e com o Ministério Público a contar o que sabe sobre um crime em troca de redução da pena.
Investigação
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil fluminense. Em fevereiro do ano passado, a Polícia Federal (PF) abriu sua própria frente de investigação. No final de 2023, Lessa optou por formalizar o acordo de colaboração premiada.
Na última semana, as investigações do caso Marielle Franco e Anderson Gomes passaram para o STF. Uma das justificativas para a remessa da investigação ao Supremo pode envolver a citação do nome de alguma autoridade. Nas questões criminais, cabe ao STF o julgamento de autoridades com foro privilegiado na Corte, como deputados federais e senadores.
Delação
Antes de Lessa, a Polícia Federal já havia obtido a colaboração de outro ex-policial militar, Élcio de Queiroz, que admitiu ter dirigido o veículo utilizado na emboscada contra a vereadora.
Em seu acordo, Queiroz mencionou o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Domingos Brazão como envolvido na morte de Marielle. Devido ao foro privilegiado de Brazão, existe a possibilidade de que Lessa também tenha citado o nome dele.
O crime
Marielle e seu motorista foram assassinados na noite de 14 de março de 2018, quando o carro onde estavam foi fuzilado, no bairro do Estácio, na região central do Rio de Janeiro. O crime completou seis anos recentemente.
Dois acusados dos homicídios, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, foram presos em março de 2019, um ano depois do crime. Lessa é suspeito de ter efetuado os disparos e Queiroz, de conduzir o carro usado no assassinato.
Um terceiro homem, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, foi preso no ano passado, depois da delação premiada de Queiroz, que o apontou como responsável por monitorar as movimentações de Marielle. Em janeiro deste ano, Edilson Barbosa dos Santos foi preso, suspeito de ajudar a se desfazer do carro usado no crime.
Quem é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa é apontado como o executor da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Quando foi preso, em 2019, a Divisão de Homicídios encontrou 117 fuzis incompletos na casa de um dos seus amigos, na zona norte do Rio. Lessa foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão por comércio ilegal de armas.
Em 2021, o ex-PM foi condenado por destruição de provas relacionadas ao caso Marielle. Naquele mesmo ano, Lessa foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro.