O ex-policial militar Élcio de Queiroz fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), no qual forneceu informações detalhadas sobre o atentado que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A notícia foi divulgada em entrevista coletiva, nesta segunda-feira (24), pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. As informações são do portal g1 e do jornal O Estado de S. Paulo.
Élcio encontra-se detido desde 2019, juntamente com o amigo, o ex-policial reformado Ronnie Lessa. Ambos aguardam julgamento pelo Tribunal do Júri, mas a data da sessão ainda não foi agendada.
No depoimento, que já foi homologado pela Justiça, Élcio admitiu ter conduzido o veículo Cobalt prata utilizado no ataque e afirmou que Ronnie efetivamente realizou os disparos com uma submetralhadora contra Marielle. Além disso, Élcio revelou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, estava encarregado de vigiar a vereadora e participar do plano, mas acabou sendo substituído por ele.
— Nessa delação premiada, ele confirma a própria participação, confirma a participação de Ronnie Lessa e traz os elementos colhidos em relação ao senhor Maxwell. Temos outros aspectos que constam dessa delação e derivados das buscas e apreensões ocorridas hoje. É claro, portanto, que teremos desdobramentos — declarou Dino.
Suel foi detido na manhã desta segunda-feira durante a realização da Operação Élpis, que corresponde à primeira fase da investigação dos homicídios ocorridos em março de 2018.
Suel foi detido em casa, localizada no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio, e posteriormente conduzido para a sede da PF, situada na Zona Portuária. A prisão ocorreu na mesma residência onde ele havia sido detido anteriormente. Além disso, um veículo pertencente ao ex-bombeiro foi apreendido durante a operação.
Segundo Dino, a delação de Queiroz elevou o caso a um novo nível, confirmando informações previamente conhecidas sobre a execução do crime por Lessa e Queiroz. Essa mudança significativa permitirá uma nova abordagem na identificação dos mandantes do assassinato, conforme ressaltado pelo ministro, dando um impulso renovado às investigações nessa direção.
— Há uma espécie de mudança de patamar da investigação. Se conclui a investigação sobre a execução e há elementos para um novo patamar, a identificação dos mandantes. Nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas das provas colhidas hoje. Esse evento de enorme importância, a ocorrência da delação premiada, com a confirmação de outros personagens, da dinâmica do crime, dos executores, permitirá esse caminho, que nós temos a convicção, a esperança - como é o nome da operação - que conduzirá aos mandantes — frisou.
O chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública argumentou que a delação só foi fechada porque as provas colhidas desde o início do ano tornaram evidente a participação de Ronnie e Élcio no crime, o que teria tornado difícil a manutenção da tese da defesa de Élcio que negava o envolvimento do ex-PM no caso.
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal e a Polícia Penal Federal ingressaram na investigação em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Questionado porque a investigação anterior não tinha conseguido avançar nas investigações, Dino respondeu que a participação das polícias federais permitiu uma maior união de esforços.
De acordo com o ministro da Justiça, as diligências realizadas nesta manhã representam o encerramento de uma etapa importante da investigação, com a confirmação dos eventos ocorridos durante a execução do crime. Os relatos fornecidos detalham a dinâmica do assassinato, incluindo itinerários e roteiros seguidos pelos criminosos.