Política

Apuração da PF

Bolsonaro levou a comandantes três versões de minuta golpista, revelam depoimentos

Textos foram produzidos e editados pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres e pelo ex-assessor da Presidência Filipe Martins, segundo as investigações

Estadão Conteúdo

Tácio Lorran

A investigação da Polícia Federal mapeou pelo menos três versões da minuta golpista discutidas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) junto a assessores, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e os comandantes das Forças Armadas. Os textos foram produzidos e editados pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres e pelo ex-assessor da Presidência Filipe Martins, segundo as investigações.

Bolsonaro chegou a apresentar ao menos duas versões para os comandantes das Forças Armadas. Ouviu um "não" do general Freire Gomes (Exército) e do brigadeiro Baptista Júnior (Aeronáutica). O comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, se colocou à disposição, segundo depoimentos. Procurada a defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou.

Entenda, a seguir, cada versão do documento:

1. Minuta previa a prisão de Moraes, Gilmar Mendes e Pacheco

2. Segunda versão previa o estabelecimento de estado de sítio "dentro das quatro linhas" e, ato contínuo, decreto Operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO)

  • Texto foi apresentado durante reunião no dia 7 de dezembro de 2022, na biblioteca do Palácio do Planalto;
  • Presença dos comandantes do Exército e da Marinha, do ministro da Defesa, do assessor Filipe Martins e de Jair Bolsonaro;
  • Filipe Martins leu os "considerandos" e, em seguida, saiu da reunião;
  • Texto previa a atuação de "juízes suspeitos", declarava o estado de sítio e decreto de GLO;
  • "Diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem", encerra-se o texto.
  • Baptista Júnior disse que o documento continha diversos "considerandos" e ao final se decretava a realização de novas eleições e a prisão de diversas autoridades do judiciário;
  • Bolsonaro disse que o documento estava em estudo e que reportaria para eles a evolução;
  • Documento estava em posse de Mauro Cid.

3. Decretação do Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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