Durante depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, revelou que o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, comunicou que estaria disposto a prender o então presidente Jair Bolsonaro se ele tentasse executar um golpe de Estado.
Baptista Júnior fez essa declaração no contexto do inquérito das milícias digitais, que investiga possível tentativa de golpe discutida pelo ex-presidente e seus aliados após as eleições de 2022, com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O depoimento de Baptista Júnior veio à publico nesta sexta-feira (15), quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos ouvidos no inquérito.
O ex-comandante da Aeronáutica apontou que Gomes teria dito para Bolsonaro que teria de prendê-lo caso atentasse "contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio)".
Segundo o depoimento de Baptista Júnior, em outra reunião dos comandantes das Forças com o então presidente da República, Gomes teria deixado evidente a Bolsonaro "que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o termino de seu mandato" e que "não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder".
Baptista Júnior afirmou ainda, em seu depoimento, que a Aeronáutica não apoiaria qualquer tentativa de manutenção no poder do então presidente da Republica após 1° de janeiro de 2023.
Segundo Baptista, apenas o chefe da Marinha, Almir Garnier Santos, concordou com as propostas discutidas com Bolsonaro sobre possíveis golpes.