O comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, defendeu, em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (11), uma "investigação completa" em torno dos militares suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe no país.
Na última quinta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou a operação Tempus Veritatis para investigar uma organização suspeita de orquestrar pela abolição do Estado Democrático de Direito nos períodos que antecederam e se seguiram às eleições presidenciais de 2022, com foco na permanência de Jair Bolsonaro na presidência da República.
De acordo com Damasceno, caso seja comprovada a participação de algum dos integrantes de sua tropa, haverá punição.
— Qualquer coisa que fira nossos diplomas disciplinares será punida — disse o militar.
Ele afirmou ainda que o comando da Aeronáutica defende a necessidade de uma investigação completa, que garanta a ampla defesa e o contraditório a todos os envolvidos e que siga o necessário rito processual previsto no ordenamento jurídico vigente.
Damasceno também declarou que não teve informações a respeito da reunião realizada no governo anterior, em julho de 2022, para discutir atos antidemocráticos e diz não ter sido informado pela Justiça se houve a participação de militares da FAB da ativa nos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, a posição do Alto Comando da Aeronáutica foi de isenção em relação ao governo Bolsonaro.
Na entrevista, ele também falou sobre a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e negou haver desconfianças no Alto Comando.
— A minha relação com o presidente sempre foi muito urbana. Ele tem uma grande preocupação com o reaparelhamento das Forças Armadas e, por exemplo, uma vontade muito grande de que a gente desenvolva uma turbina (de aeronaves). Poucos países do mundo fazem isso. Lula é apaixonado por essa agenda de Defesa — disse o tenente-brigadeiro.
O comandante da FAB defende a saída de militar à reserva, caso queira se candidatar, mas apoia que assuma função no Executivo, sem cargo eletivo, e concurso aberto, não delimitando vagas para mulheres.