Com o salão nobre do Palácio do Comércio lotado por 240 empresários, a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) reuniu cinco líderes de bancada da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (22), para reforçar a posição contrária da entidade ao aumento de ICMS proposto pelo governador Eduardo Leite. Por mais de duas horas, a edição especial do Tá na Mesa discutiu alternativas à elevação de alíquota.
Participaram do evento Eduardo Loureiro (PDT), Felipe Camozzato (Novo), Guilherme Pasin (PP), Luiz Fernando Mainardi (PT) e Cláudio Branchieri (Podemos). Três deles anunciaram no local voto contra o projeto: Camozzato, Mainardi e Branchieri. Durante o debate, porém, foram unânimes na necessidade de se promover mudanças no texto da reforma tributária em curso no Congresso como forma de evitar a votação na Assembleia.
Meia hora antes do horário marcado para o evento, o líder do MDB, Edivilson Brum, que havia confirmado presença, cancelou sua participação. Em mensagem ao presidente da Federasul, Rodrigo Costa, o deputado disse que tinha outro compromisso.
Logo no início do painel, enquanto Costa ainda começava seu pronunciamento inicial, oito faixas contra o aumento surgiram na plateia. Lá fora, na entrada do prédio, pessoas enviadas pelo governo do Estado distribuíam cartilhas com 12 páginas justificando o projeto de Leite.
— É uma vergonha, é desumano com o Rio Grande do Sul. Queremos a pauta do desenvolvimento econômico. É o momento, da esquerda à direita, dos liberais aos conservadores, de falarmos a mesma língua. Vamos sentar com o governador, que retire esse projeto e ouça a voz dos gaúchos — disse Costa, lembrando que a Federasul havia apoiado o aumento em 2018, no que chamou de período de "excepcionalidade".
Se revezando ao microfone, os parlamentares sugeriam caminhos. Para Camozzato, o Piratini precisa concentrar esforços no corte de despesas correntes, que em 2023 tiveram um incremento de R$ 400 milhões. Mainardi sugeriu a discussão de um novo modelo de desenvolvimento. A todo tempo, Santa Catarina era citada como exemplo de competitividade e ganho de arrecadação, mesmo sempre mantendo a carga tributária com alíquota de 17% no ICMS. Na maior parte das falas, porém, os deputados arguiram como solução uma pressão sobre a Câmara para que haja uma mudança no texto da reforma.
— Se o texto não for mudado, a sociedade gaúcha vai ter de discutir alternativas e o regime de urgência vai contra isso. Precisamos de tempo para discutir o futuro do Rio Grande do Sul — disse Branchieri, fazendo coro à retirada do projeto.
Na plateia, havia dirigentes de 90 entidades filiadas à Federasul. Logo após o evento, parte deles seguiu em caravana até a Assembleia, onde reiteraram ao presidente Vilmar Zanchin (MDB) o descontentamento com o aumento do ICMS.