A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (11), a quebra de sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro. O pedido também inclui a autorização para coletar um depoimento do ex-mandatário sobre um suposto esquema ilegal de venda de presentes, incluindo joias, que ele recebeu durante seu governo.
Segundo a colunista do Estadão Eliane Cantanhêde, a PF quer ouvir ainda a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, que teria sumido com joias recebidas pelo então chefe Executivo, conforme apontam mensagens obtidas pelo órgão.
Além disso, a Polícia Federal acionou o FBI para avançar nas investigações nos Estados Unidos, local onde parte dos presentes teriam sido vendidos ilegalmente. A avaliação dos investigadores é de que os indícios e provas já obtidos pela polícia brasileira seriam suficientes para prender o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, braço-direito do ex-chefe do Executivo, e o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef.
Os dois estão envolvidos diretamente no esquema de busca e apreensão da PF nesta sexta-feira (11). Mauro César Lourena Cid teria vendido ilegalmente um dos presentes recebidos pelo ex-presidente, um relógio da marca Rolex. E Wassef, posteriormente, teria recomprado o item para devolver à União, após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo a PF, os montantes "obtidos das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores".
Em nota assinada pelos escritórios de advocacia D.B. Tesser e Paulo Amador Cunha Bueno, e publicado pelo jornal O Globo, o ex-presidente Bolsonaro negou ter se apropriado ou desviado "bens públicos" e afirmou que coloca à disposição da Justiça sua movimentação financeira.
"O Presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária", diz a nota assinada pelos advogados.
A defesa também afirma que o ex-presidente "voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. —, requerendo o depósito dos itens (joias presenteadas por governo estrangeiro) naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito".
As defesas de Mauro Cid, Mauro César Lorena Cid e Frederick Wassef não se manifestaram até a publicação desta reportagem.