Walter Delgatti Neto foi condenado a 20 anos e um mês de prisão por invadir celulares e vazar mensagens de autoridades ligadas à Operação Lava-Jato. O hacker foi investigado na Operação Spoofing, deflagrada em 2019, e teve sentença divulgada nesta segunda-feira (21).
Ricardo Augusto Soares Leites, juiz da sentença e substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, apontou "comprovação de materialidade e autoria" por parte de Delgatti do crime de invasão de dispositivo informático, "fato por ele confessado e que encontra respaldo probatório pela investigação realizada pela Polícia Federal".
"A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões. Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado. É reincidente, conforme comprova sua ficha criminal e possui outros registros penais", escreveu o juiz.
Delgatti está preso desde o começo do mês em razão de uma outra operação, a 3FA, que apura a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A suspeita é de que o hacker tenha sido pago pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do Judiciário.
Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro, ele disse, na semana passada, que Jair Bolsonaro lhe ofereceu indulto para que violasse medidas cautelares da Justiça e invadisse o sistema das urnas eletrônicas para expor supostas vulnerabilidades.
Outros condenados na Spoofing por atuarem junto ao hacker:
- Gustavo Henrique Elias Santos: 13 anos e nove meses
- Thiago Eliezer Martins Santos: 18 anos e 11 meses
- Suelen Priscila De Oliveira: seis anos
- Danilo Cristiano Marques: 10 anos e cinco meses
Relembre a operação
Deflagrada em 2019, a Spoofing tinha a intenção de investigar a invasão e o vazamento de mensagens privadas de autoridades ligadas à Operação Lava-Jato no aplicativo Telegram.
Entre os alvos das invasões, estava o então ministro Sergio Moro, que foi o juiz responsável pela Lava-Jato na 1ª instância da Justiça Federal, em Curitiba.