A Polícia Federal adiou o depoimento da deputada Carla Zambelli no bojo da Operação 3FA, que fez buscas em endereços da parlamentar por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A oitiva seria realizada a partir das 14h desta segunda-feira (7), mas foi redesignada pela própria corporação após a defesa divulgar que Zambelli não responderia às perguntas dos investigadores até que seus advogados tivessem acesso à integra das investigações da 3FA. Ainda não há nova data para a oitiva.
— Embora a deputada queira ser ouvida e prestar todos os esclarecimentos, justamente por não ter cometido ou participado de qualquer ilicitude, sobre os fatos relativos à operação deflagrada nesta semana, por expressa orientação da defesa técnica, não responderá às perguntas até que sejam fornecidas cópias de todo o inquérito e das cautelares, o que ainda não ocorreu, justamente para assegurar a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal — indicou o advogado da parlamentar, Daniel Bialski, na semana passada.
Zambelli foi um dos alvos principais da ofensiva aberta na quarta-feira (2) junto do hacker Walter Delgatti Neto, preso no bojo da operação.
O inquérito se debruça sobre delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Em depoimento dado em oitiva no dia 27 de julho, o hacker admitiu a invasão do sistema do CNJ e implicou Zambelli diretamente pela inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, Walter Delgatti disse que recebeu pagamentos como "contraprestação para ficar à disposição da parlamentar".
Ele ainda citou o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem disse ter encontrado no Palácio do Alvorada, "tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica". Segundo o hacker, "isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal".
A expectativa que gira em torno da oitiva de Zambelli é se a deputada vai revelar detalhes da reunião do hacker com Bolsonaro. Em coletiva após a operação, a deputada tentou desvincular o ex-presidente do caso.