A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar se o vereador Francisco Vilela (PP), de Canguçu, no sul do Estado, chamou uma servidora do município de "neguinha p*" durante uma sessão na Câmara Municipal. As palavras teriam sido proferidas em conversa com outro parlamentar e foram captadas no decorrer da transmissão online da sessão, pela TV Câmara Canguçu.
Na próxima semana, as autoridades devem ouvir testemunhas e o próprio vereador. Foram solicitadas à Câmara as imagens completas da sessão parlamentar realizada na segunda-feira. O caso ficará sob a responsabilidade do delegado Lauro Lonardi. Se a investigação confirmar as alegações, o caso pode ser enquadrado como injúria racial, que desde janeiro deste ano está equiparado ao crime de racismo. As penas para injúria na nova lei variam entre dois e cinco anos de prisão, além de multa.
A servidora em questão é Eliane Pereira, técnica de enfermagem. Ela estava presente na sessão que analisava a troca da nomenclatura do cargo de “auxiliar” para “técnico de enfermagem” na esfera municipal. A identificação ocorreu após o vereador mencionar o nome do pai da servidora.
— Eu não cheguei a ouvir na hora. Depois que me avisaram que ele tinha dito aquelas palavras e identifiquei que seria eu após eles (os vereadores) citarem o nome do meu pai — relata a técnica de enfermagem.
Casada e mãe de dois filhos, Eliane afirma que sua vida foi transformada nos últimos dias. Ela contratou uma advogada e registrou boletim de ocorrência contra o vereador.
— Foi um ataque totalmente gratuito. Estou extremamente abalada, minha família está abalada com um ataque que não tem explicação — diz, emocionada.
Cibele Bernardes, advogada de Eliane, disse que a defesa também deve ingressar com um pedido na vara cível e protocolar um requerimento na Câmara de Vereadores solicitando quebra de decoro parlamentar.
— Nossa intenção é estudar formas de viabilizar a cassação do mandato do parlamentar — explica Cibele.
Procurado pela reportagem de GZH, o vereador Francisco Vilela informou que irá se manifestar apenas nas instâncias jurídicas.