A página da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sergipe publicou um manifesto em apoio a uma "vaquinha" com transferência via Pix para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Instagram no começo da manhã desta quinta-feira (29). A postagem dizia que o grupo estava "junto com Bolsonaro". O órgão afirma ser vítima de um ataque hacker.
— A equipe decidiu colaborar com a causa do nosso ex-presidente, acreditamos que ele ainda tem sua cidadania brasileira e merece todo nosso apoio como pátria! Se você concorda, ajude-nos com pix de qualquer valor, todo dinheiro será restituído para ele! — publicou o perfil da Superintendência estadual da PRF. O conteúdo ficou no ar na página até por volta das 9h da manhã.
A reportagem tentou identificar a quem a chave Pix redirecionava, mas ela já não mais existia. No Twitter, a PRF em Sergipe informou que tomará "providências cabíveis visando a apuração dos fatos e restauração da conta".
O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou a suspensão dos perfis regionais da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para análise de segurança.
— Em face da alegada invasão de perfil regional da PRF em Sergipe, inclusive com troca da senha, estou determinando a suspensão dos perfis regionais da PF e da PRF para análise da segurança, permanecendo somente os perfis nacionais nas redes sociais. Quanto à retirada do ar da postagem criminosa, a PRF está com providências em andamento. E investigação será instaurada para apuração dos fatos — afirmou Dino no Twitter.
"Vaquinha" para Bolsonaro
Bolsonaristas divulgam desde a noite da sexta-feira (23) uma campanha para arrecadar dinheiro para Bolsonaro pagar multas judiciais. Eles alegam que o ex-presidente é vítima de "assédio judicial". Os valores das doações de políticos, que publicaram comprovantes de transferência nas redes sociais, variam entre R$ 10 e R$ 1 mil. A chave Pix dessa "vaquinha" é o CPF do ex-presidente, enquanto a divulgada pelo perfil da PRF em Sergipe era aleatória.
A publicação da PRF foi feita no segundo dia do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira, que pode tornar Bolsonaro inelegível por oito anos, caso não haja pedido de vistas. A sessão começou às 9h com o voto do ministro Raul Araújo - que divergiu do relator do caso e votou contra a inelegibilidade do ex-presidente.
O relator, Benedito Gonçalves, deu o voto inicial favorável para que o ex-presidente perca os poderes políticos por quase uma década.
Em Brasília, antes de embarcar para o Rio de Janeiro na manhã desta quinta, Bolsonaro disse ser vítima de um "julgamento político".
— É uma injustiça comigo, meu Deus do céu — afirmou.