O vice-prefeito de Canoas, Nedy de Vargas Marques (Avante), prestou depoimento nesta quinta-feira (22) na Câmara de Vereadores. Ele é alvo de um processo de impeachment que tramita no legislativo municipal desde o dia 25 de abril.
O vice esteve à frente da prefeitura por um ano, durante o afastamento do prefeito Jairo Jorge (PSD) a pedido do Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. Jorge voltou ao seu cargo original no mês de março. Ele é acusado de, durante esse período, ter cometido irregularidades no contrato com a Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam). A entidade administrou o Hospital Universitário até maio do ano passado, quando houve intervenção da prefeitura na gestão.
Marques foi ouvido pela comissão processante, responsável por analisar a ação, por cerca de duas horas. A oitiva iniciou por volta das 15h. Ao ser questionado, defendeu sua inocência e respondeu a todas as perguntas. Ele defende que as medidas tomadas em relação a administradora são legais e precisavam ser feitas para evitar danos na saúde do município. (entenda detalhes da denúncia ao final da matéria)
Marques foi a última pessoa a depor na comissão. Antes dele, 14 testemunhas participaram das oitivas, sendo dez delas arroladas pela defesa e quatro arroladas pela denunciante. A partir de agora, o vice-prefeito tem um prazo de cinco dias úteis, a contar desta sexta-feira (23) para apresentar a defesa por escrito.
Já a comissão tem até o dia 3 de julho para apresentar seu parecer final. Se a ação for julgada procedente, será apreciada em plenário. Ela é formada pelos vereadores Emílio Neto (PT), presidente; Eracildo Linck (MDB), relator; e Juares Hoy (PTB), membro.
A denúncia
A denúncia partiu de uma moradora da cidade que não está sendo identificada. Conforme o documento ao qual GZH teve acesso, o prefeito em exercício, na época, teria retardado em seis meses o equilíbrio financeiro do contrato emergencial firmado com a Funam. A denunciante argumenta que a medida já havia sido recomendada em reunião com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Ao invés disso, o requerimento aponta que o município teria optado por entrar na Justiça, solicitando o afastamento da fundação. Na época, foi alegado descumprimento contratual da entidade. Ainda segundo o ofício, o atraso teria gerado prejuízo aos cofres públicos na casa dos R$ 2,5 milhões ao mês.