O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira (8) que a Polícia Federal (PF) deverá investigar e convocar todos os citados no caso das joias milionárias que supostamente seriam destinadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, assim como em relação a um segundo presente da Arábia Saudita entregue à comitiva ministerial do governo de Jair Bolsonaro.
Desde que reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou o caso, foram citados o ex-presidente, a ex-primeira-dama, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e assessores dele à época, além do ex-secretário especial da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes, que tentou liberar o conjunto com colar, brincos, relógio e anel de diamantes no final de dezembro.
— Todas as pessoas que forem citadas em relação a um crime possivelmente existente têm não somente a obrigação como o direito de serem ouvidas, para que elas possam dar as suas versões. O que a lei manda: se há indícios da materialidade e autoria, que neste caso é múltipla, o delegado que preside o caso tem que chamar os citados. Então, todas as pessoas (citadas) deverão ser ouvidas — disse Dino após cerimônia no Palácio do Planalto.
Na segunda-feira (6), a PF instaurou investigação sobre o caso. Em nota, a corporação informou que o inquérito será conduzido sob sigilo pela Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários da Superintendência de São Paulo.
Relembre o caso
Uma caixa com joias de uma marca suíça avaliadas em R$ 16,5 milhões, supostamente destinado à família Bolsonaro, ficou retida no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por agentes da Receita. Além desse pacote, outra remessa com diamantes teria entrado no país sem passar por análise de agentes alfandegários.
Qualquer bem que ultrapasse o valor de US$ 1 mil precisa ser declarado ao entrar no Brasil.
Os diamantes teriam sido presentes do governo da Arábia Saudita à Presidência da República e foram entregues à comitiva capitaneada pelo então ministro Bento Albuquerque, que havia viajado ao país do Oriente Médio.
Em entrevista ao Estadão, Albuquerque revelou que as joias seriam destinadas a Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente. Ela negou o fato e ironizou a cobertura da imprensa sobre o tema. Bolsonaro também declarou não saber das joias e acrescentou que nada pediu, nem recebeu.
Na terça-feira (7), O Estado de S. Paulo revelou que Bolsonaro recebeu pessoalmente um segundo pacote de joias da Arábia Saudita que chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia. Conforme a publicação, constam no pacote relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (semelhante a um rosário, mas islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard.