No próximo domingo (26), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, embarca em viagem para a China. Esta será a terceira visita oficial de Lula ao gigante asiático: a primeira foi em 2004, e a segunda, em 2009.
A ida de Lula à China ocorrerá após um convite do presidente do país, Xi Jinping. Na comitiva brasileira também estarão ministros, parlamentares e empresários.
A China segue sendo o maior parceiro comercial brasileiro. Por isso, estarão em pauta a consolidação de acordos bilaterais envolvendo temas como agronegócio e tecnologia, mas os representantes dos dois países também devem tratar de cooperações no campo das mudanças climáticas e até na promoção da paz internacional, debatendo soluções para a guerra na Ucrânia.
Confira abaixo os principais pontos da viagem da comitiva brasileira à China:
Agenda
- A viagem será realizada entre os dias 26 e 31 de março. Diagnosticado com pneumonia leve, Lula embarcaria inicialmente no sábado (25), mas agora deve viajar no dia 26 mesmo. Contudo, não está descartada ainda a hipótese do embarque ser novamente adiado.
- Em Pequim, estão previstos encontros de Lula com o presidente Xi Jinping, com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.
- Ao final da viagem, o presidente brasileiro viajará a Xangai, onde fará visita à sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos Brics (sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
- A agenda oficial da visita ainda inclui uma passagem para foto na Grande Muralha, e um seminário empresarial organizado pela Apex-Brasil.
Formação da comitiva
Lula viajará acompanhado de ministros, parlamentares e empresários. Entre os ministros e integrantes de primeiro escalão do governo federal, já estão confirmados Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Celso Amorim (Assuntos Internacionais da Presidência), Márcio Elias Rosa (secretário-executivo da Indústria e Comércio) e Jorge Viana (Apex).
Pelo menos 20 deputados federais também receberam convite do Executivo para viajar na delegação — entre eles o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que ainda não confirmou sua participação. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também deve integrar o grupo.
Ainda, 240 empresários deverão embarcar em direção à China, principalmente ligados ao agronegócio. Representantes comerciais de setores como infraestrutura, alimentos, tecnologia e vestuário também farão parte da comitiva.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, deverá ficar no Brasil para assumir a Presidência durante a viagem.
Principais temas que serão tratados na viagem
A agenda bilateral entre os representantes dos dois países abrangerá temas como agronegócio, comércio, infraestrutura, reindustrialização, transição energética, tecnologia e inovação, vestuário e mudanças climáticas.
Diferentemente da viagem aos Estados Unidos, em que não foram anunciados acordos, desta vez, em Pequim e Xangai, o governo brasileiro deve assinar pelo menos 30 iniciativas. O foco destes acordos deverá ser nos setores do agronegócio, de satélites, 5G, nanotecnologia, computação quântica e tecnologia da informação.
De acordo com Celso Amorim, também entre os objetivos da viagem está atrair investimentos chineses e discutir projetos de infraestrutura e governança global.
— A China é um parceiro fundamental para o Brasil. Temos com a China uma parceria estratégica. É um país fundamental na política mundial hoje. Acabou de demonstrar isso fazendo algo que parecia muito difícil, que é a paz entre a Arábia Saudita e o Irã, países que têm uma rivalidade muito grande. A China é hoje um dos países que mais emitem CO2. O clima terá uma importância, mas também vamos falar sobre investimento, infraestrutura, governança global — afirmou.
Do lado brasileiro, há interesse em ampliar o atual patamar de US$ 70 bilhões de investimentos chineses em setores estratégicos, como energia e infraestrutura. O comércio bilateral, na ordem de US$ 150 bilhões, é favorável ao Brasil, com superávit de US$ 28 bilhões no ano passado. Os produtos principais são commodities, soja e minério, mas também se busca aumentar esse relacionamento com exportações de alto valor, como aviões.
Há acordos em diversas áreas sendo levantados pelo Itamaraty para a viagem. Uma possibilidade seria expandir a cooperação espacial, com o lançamento de um novo satélite produzido em parceria. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) já produziu e colocou em órbita seis satélites. O primeiro lançamento ocorreu em 1999, e o último em 2019. Os investimentos passam até agora dos US$ 300 milhões.
Ainda, Lula deverá promover uma proposta para que o Brasil participe de um eventual processo de diálogo multinacional para encerrar o conflito entre Moscou e Kiev. A visita do líder brasileiro acontecerá poucos dias depois de Xi Jinping se reunir em Moscou com o líder russo, Vladimir Putin.
Por que esta viagem é importante para o Brasil?
Em entrevista coletiva após o anúncio oficial da visita de Estado, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que o encontro "marcará o começo de uma nova era e um novo futuro para as relações entre Brasil e China, em nível de chefes de Estado".
As conversas irão "promover a associação estratégica integral entre China e Brasil a um novo nível e haverá novas contribuições para a promoção da estabilidade e da prosperidade regional e global", acrescentou Wang.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com US$ 152 bilhões de comércio bilateral no ano passado, à frente dos Estados Unidos, US$ 88,8 bilhões. Ainda, o Brasil é o principal destino dos investimentos chineses na América Latina e, ao mesmo tempo, o maior fornecedor de produtos agropecuários para o país asiático.
Além de expandir a relação comercial, Lula, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, busca recuperar o protagonismo internacional do país. Ainda em seu discurso de posse no Congresso, o presidente prometeu retomar a "integração sul-americana" e um diálogo "altivo e ativo" com os Estados Unidos, a comunidade europeia e com a própria China.
Brasil e China também são membros fundadores do Brics, ao qual ainda pertencem Rússia, Índia e África do Sul. No dia 30, o presidente brasileiro irá a Xangai para visitar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), fundado pelo grupo em 2015. Dilma Rousseff foi indicada para presidir a instituição.
Empresários e interesses gaúchos na comitiva
Como destaca a colunista Gisele Loeblein, na delegação brasileira que irá à China, há um grupo que estará olhando também para os interesses do Rio Grande do Sul. Representantes de entidades e empresários se juntam à comitiva ministerial já nesta semana, e acompanham os compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Maior parceiro comercial do agro brasileiro, o país asiático ainda tem muitas oportunidades a oferecer, sempre na escala do bilhão. Uma delas é a ampliação da abertura comercial para a carne suína produzida no Estado.
A mudança do status sanitário em relação à aftosa, livre sem vacinação, dá a chance de incluir a venda da proteína com osso e também miúdos. Itens que, conforme a indústria, agregam valor.
— O maior objetivo é que a China reconheça o status do Estado, já obtido pela Organização Mundial de Saúde Animal. Teríamos a mesma condição que Santa Catarina, já que temos status (sanitário) equivalente — afirma José Roberto Goulart, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suinos do RS (Sips).
Goulart também é diretor comercial da Alibem, empresa que já é habilitada à exportação para os chineses — o RS tem oito plantas aptas, das 16 de todo o país. A validação da China permitiria que dessem esse avanço nos negócios.
Essa é também a principal pauta que será levada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em relação à carne suína. Outro ponto a ser buscado, aí também para o frango, é a ampliação do número de plantas habilitadas, explica o presidente da entidade, Ricardo Santin, que estará acompanhado do diretor de mercado Luís Rua.
— Acompanharemos o ministro Carlos Fávaro, ajudando no esclarecimento de todas as necessidades técnicas e consultas — reforça Santin.
Na sexta-feira desta semana (24), a entidade, junto com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que representa empresas de carne bovina, realiza um seminário sobre a proteína brasileira. Pela Abiec estará o também gaúcho Antonio Camardelli.
O desejo acalentado ao longo dos últimos anos de acessar esse mercado, pelo potencial que tem de volume e de remuneração, é o que motiva Ivon Silva, diretor comercial do Frigorífico Silva, de Santa Maria, a também embarcar no roteiro pelo país asiático.
— Vamos prospectar negócios — afirmou.
Ao todo, são 102 nomes do agronegócio na comitiva
Nem todos os 2oo empresários que participarão da viagem foram identificados. No entanto, do agronegócio, segundo a Folha de S. Paulo, a relação inclui nomes dos setores de produção de carne bovina, aves, suínos, celulose, algodão, insumos e outros. Os empresários devem embarcar em voos com horários próximos aos dos nomes do governo. Os custos serão pagos pelos empresários, segundo o Ministério da Agricultura.
Setor de carne bovina
- Antônio Jorge Camardelli - Abiec
- Cínthia Torres - Diretora técnica - Abie
- Wesley Mendonça Batista - J&F JBS
- Joesley Mendonça Batista - J&F/JBS
- Gilberto Tomazoni - CEO Global JBS
- Carlos Alberto Macedo Cidade - Diretor Relações Inst. JBS
- Marcio Soares Rodrigues - Gerente JBS
- Pedro Felippe Castellain Barbosa de Castro - Diretor Exp. Ásia JBS
- Renato Mauro Menezes Costa - Friboi
- Marcela de Souza Afonso Rocha - Diretora JBS
- Lincoln Bueno - Presidente da Mercúrio Alimentos
- Paulo Sérgio Mustefaga - Abrafrigo
- José João Batista Stival Júnior - Abrafrigo
- Lincoln Lafaiete - Abrafrigo
- Marcos Antonio Pompei - Abrafrigo
- Rogerio Jose Bonato - Abrafrigo
- João Gonçalves Silva Júnior - Frigon
- Ivon da Silva Jr - Frigorífico Silva
- Daniela da Silva - Frigorífico Silva
- Adilton Bittencourt - Boa Carne
- Rafaella Bittencourt - Boa Carne
- Murilo Leite - Frisacre
- Maria Carolina Rebollo Machado Leite - Frisacre
- Fabio Ricardo Leite - Frisacre
- Marcos Paulo Parente Araujo - Frisacre
- Maíra Santiago Pires Parente - Frisacre
- Luana da Silva Machado - Frisacre
- João de Almeida Sampaio Filho - Vice Presidente Minerva
- Marcio Rodrigues - Masterboi
- José Eduardo de Oliveira Miron - Frigol
- Sandro Silva de Oliveira Júnior - Supremo
- Alisson Navarro - Diretor Comercial - Marfrig
- Magno Alexandre Gaia - Ramax
- Márcio André Scarlassara - Frigorífico Tavares FTS
- Jeremias Silva Junior - Frigorífico Astra
- Diana Miniello Silva - Frigorífico Astra
- Bruno Candia Nunes da Cunha - Frigorífico Astra
- Guilherme Meneghelli Oranges - Barra Mansa
- Fabiano Furlan - Prima Foods
- Diego Riva Magnabosco - Frigosul
- Maurício Reis Lima - Friesp
- Marcos Barbieri Coutinha - Frisa
- Francisco Willian Delfino Fortunato - Beauvallet
Carne suína e de aves
- Ricardo Santin - Presidente da ABPA
- Luis Rua - Diretor de Mercados ABPA
- Linda Chen - Representante ABPA na Ásia
- Marcos Antonio Molina dos Santos - Presidente do Conselho BRF
- Márcia Aparecida Pascoal Marçal dos Santos - Conselheira BRF
- Rogério Moraes - Diretor Asia BRF
- Bruno Machado Ferla - Vice Presidente Jurídico e RI BRF
- Johnny Hiroki Fujihara - Gerente Asia Aurora
- Cláudio Almeida Faria Rio Branco Alimentos Pif Paf
- José Roberto Gonçalves - Diretor de Qualidade BRF
- Etivaldo Vadão Gomes Frigoestrela
- Etivaldo Gomes Filho - Frigoestrela
- Eduardo Gomes Caluz da Silva - Frigoestrela
- Paulo Baub - Frigoestrela
- José Roberto Goulart - Alibem
- Gilberto Felipe de Souza Junior - Coasul
- Olavo de Oliveira Lucena - Somave
- Carlos Eduardo Geminiano - Somave
- Hugo Leonardo Bongiorno - Avenorte
- Schyene Ritter dos Santos Maia - Avenorte
- Cristiano Farina Paludo - Bello Alimentos
Algodão
- Alexandre Pedro Schenkel - Presidente Abrapa
- Edson Mizoguchi - Coordenador Programa de Qualidade Abrapa
- Marcelo Duarte - Diretor de relações Internacionais Abrapa
- Jones Yasuda - Assessor Técnico Abrapa
- Thomas Paul Reinhart- Assessor Comercial Abrapa
Insumos
- Juan Henrique Mena Acosta - Associação Bioinsumos
- João Bello Neto - Nortox
- Barbara Tamara Mendes Lodi - Ourofino
- Geraldo Ubirajara Berger - Bayer
- Daniel Bernardes Fereira Rossi - Hubio Agro
Celulose
- Pablo Gimenez Machado - Diretor Executivo Ásia Suzano Celulose
- Amaury Pekelman - Diretor Relações Inst. Paper Excellence
- Claudio Laert Cotrim Passos - presidente da Paper Excellence
- Marcelo Kim Yuen Pan - Diretor Jurídico Paper Excellence
Óleos vegetais - soja
- André Meloni Nassar - Abiove
Arroz
- Andressa Silva - Abiarroz
Reciclagem animal
- Decio Coutinho - Presidente da ABRA
Multissetoriais
- Sueme Mori - CNA
- João José Pietro Flávio - OCB
- Nelson Catarino Croda Machado Aprosmat
- Kleverson Scheffer - Maggi
- Julio Fortini - Ecoplan
- Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho - Representante CAOA
- Fábio Phelipe Garcia Pagnozzi - Instituto Brics
- Pedro Paulo Pagnozzi - Instituto Brics
- Mario Pagnozzi - Instituto Brics
- Fabrício Patriani - Instituto Brics
- Lijun Lei - Instituto Brics
- Itamar Antônio Canossa - Presidente Forum Agro mato-grossense
- Ivanilse Tofoli Canossa - Forum Agro mato-grossense
- Fernando Costa - Universidade Brasil
- Marcelo Peres - Universidade Brasil
- Stephano Costa - Universidade Brasil
- Tarcisio Sachetti - Agro Investments Sachetti
- Alexandre Ferreira Lopes - MECH - centro estudos mercado chinês
- Ricardo Gracia - MECH centro estudos mercado chinês
- João Marcelo Costa Fernandez Conde - Afrinvest
- Dereck Favero Birchall - Afrinvest