A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, prevista para ocorrer na última semana de março, ganhou mais importância com a decisão de indicar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para presidir o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira dos Brics. A sede do banco fica em Xangai, maior cidade chinesa.
Do lado brasileiro, há interesse em ampliar o atual patamar de US$ 70 bilhões de investimentos chineses em setores estratégicos, como energia e infraestrutura. O comércio bilateral, na ordem de US$ 150 bilhões, é favorável ao Brasil, com superávit de US$ 28 bilhões no ano passado. Os produtos principais são commodities, soja e minério, mas também se busca aumentar esse relacionamento com exportações de alto valor, como aviões.
Também na lista de entregas para a viagem está a abertura de um consulado em Chengdu, decidida ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL). A cidade é um polo tecnológico. Embora trabalhem para acelerar a abertura, postergada por causa da pandemia, diplomatas afirmam que a inauguração talvez não se concretize a tempo da visita de Lula.
A agenda oficial da visita inclui ainda um jantar e visitas ao presidente Xi Jinping, ao primeiro-ministro Li Keqiang e à Assembleia Popular Nacional, além de passagem para foto na Grande Muralha e um seminário empresarial organizado pela Apex-Brasil.
Cooperação
Há acordos em diversas áreas sendo levantados pelo Itamaraty para a viagem. Uma possibilidade seria expandir a cooperação espacial, com o lançamento de um novo satélite produzido em parceria. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) já produziu e colocou em órbita seis satélites. O primeiro lançamento ocorreu em 1999, e o último em 2019. Os investimentos passam até agora dos US$ 300 milhões.
Lula levará à China uma numerosa comitiva. Uma mostra do tamanho do grupo foi a grande presença de ministros na reunião preparatória da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), na quarta-feira (15), no Itamaraty. Coordenador da comissão, o vice-presidente Geraldo Alckmin deverá ficar no Brasil para assumir a Presidência durante a viagem.