Em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (30), o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, confirmou a intimação do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) no inquérito sobre as joias recebidas como presente do governo da Arábia Saudita. Ao programa Gaúcha Atualidade, o chefe da PF no Brasil afirmou que a oitiva está prevista para o início de abril.
— O inquérito instaurado precisa ouvir várias pessoas citadas, mencionadas ou envolvidas nesse processo investigatório. Portanto, o ex-presidente e outras pessoas vinculadas ao episódio serão sim ouvidas no começo de abril. Não sei os detalhes, até pela minha função. A Polícia Federal tem mais de 60 mil inquéritos policiais e não tenho detalhe de cada intimação feita ou a resposta que foi dada. Mas sim, haverá a oitiva de todos os investigados — confirmou.
Bolsonaro desembarcou, nesta manhã, no aeroporto de Brasília, após quase três meses nos Estados Unidos. Conforme o diretor-geral da PF, houve restrição na área de circulação comum do terminal, um protocolo para evitar tumultos e transtornos aos demais usuários. A saída de Bolsonaro foi por uma porta lateral.
— Essa foi minha determinação inequívoca para a equipe: quero a mesma atenção dada a todo ex-presidente para esse ex-presidente que acaba de chegar aqui no Brasil — explicou Rodrigues sobre os trâmites e a atenção despendida para o retorno de Bolsonaro.
Correligionários bolsonaristas esperavam no saguão do aeroporto. Questionado sobre a recepção frustrada dos apoiadores, o diretor da PF foi enfático e afirmou que isso não é problema da corporação.
— O acirramento político não nos diz respeito. Temos o dever de preservar a democracia, e que bom que tenhamos a democracia viva e as pessoas discutindo política. O que não pode é cometer crime e atender contra ela (a democracia).
O diretor-geral falou também sobre a Operação Sequaz, deflagrada no último dia 22 contra uma facção suspeita de arquitetar planos contra autoridades, entre elas o senador Sergio Moro (União Brasil). De acordo com Rodrigues, essas ações são prioritárias, por orientação do Ministério da Justiça. Ele ainda confirmou que o alvo dos criminosos seria eliminar "um desafeto do governo".
— Portanto, a Polícia Federal desse momento não protege, não persegue e não olha partido político.
Definida como "ação de autonomia completa", a atuação isenta foi também defendida pelo ministro Flávio Dino e pelo presidente Lula, em conversas "claras e diretas", acrescentou o diretor da PF.
— A Polícia Federal não é uma polícia do "governo A", "governo B" ou "governo C". É uma instituição do Estado, com seus valores, com sua cultura e que, portanto, tem que atuar dentro da Constituição, dentro da lei — defendeu.
Para novas operações, a corporação pretende ampliar a troca de informações com policiais de outros Estados.
— A ação específica entendemos que foi debelada. Mas as investigações continuam, com interrogatório dos presos, de maneira que precisamos acompanhar, saber dos desdobramentos. O inquérito vai apontar outros caminhos – complementou.