A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira (27) a manutenção da prisão preventiva do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres na investigação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
A manifestação foi enviada ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que requisitou o parecer da PGR para decidir sobre um pedido de liberdade feito pela defesa.
A PGR afirma que há "indícios consistentes" contra o ex-secretário e que suas "condutas omissivas" teriam contribuído para a invasão e a depredação dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes.
"Permanecem, portanto, inabalados os motivos da decretação de sua prisão preventiva, embasados na garantia da ordem pública, agora robustecidos com os novos elementos de prova", diz um trecho do documento assinado pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
A PGR afirma ainda que a soltura do ex-secretário poderia colocar em risco a investigação e abrir caminho para a destruição de provas. O órgão lembra que, ao ser preso, Torres não entregou o celular à Polícia Federal (PF), o que, segundo a Procuradoria, "demonstra ausência de cooperação para o esclarecimento dos fatos". A defesa afirma que ele extraviou o aparelho nos Estados Unidos.
O então secretário estava em Miami quando teve a prisão decretada por Moraes. Ele saiu de férias dias antes dos protestos radicais. A PGR argumenta que Torres estava ciente das manifestações previstas para o dia 8 de janeiro e não poderia ter se ausentado do cargo. O órgão afirma que o afastamento foi "preponderante" para os atos de vandalismo.
"Além de não atuar para impedir ou, ao menos, minimizar os danos, o investigado/requerente se colocou em posição deliberada de omissão, não podendo agora se valer disso para buscar uma isenção de responsabilidade", argumenta a Procuradoria.
O parecer cita também a minuta de decreto encontrada na casa de Torres, que foi ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL), para o então presidente intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o resultado da eleição. O ex-ministro minimizou o documento e disse que ele seria descartado, versão que não convenceu a PGR.
"Ao contrário do que o investigado já tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do governo federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa", destaca o subprocurador.
Torres foi preso preventivamente no dia 14 de janeiro, na investigação sobre o papel de autoridades nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes, prorrogada nesta segunda-feira por mais 60 dias. A ordem de prisão, assinada pelo ministro Moraes, foi confirmada por maioria no plenário do STF.