Na tentativa de apagar o incêndio provocado pelos ataques frequentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, nesta quarta-feira (8), que não existe a possibilidade de tentativa de alteração no mandato da instituição financeira.
O presidente vem fazendo críticas contra o mandatário da autarquia, Roberto Campos Neto, e a atual taxa de juros, a Selic, que está em 13,75% e não foi alterada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
De acordo com Padilha, além de não haver há nenhuma pressão sobre "qualquer mandato", não existe nenhuma proposta do governo para rever a autonomia do órgão. Após reunião do conselho político de coalizão no Palácio dó Planalto, com aliados e Lula, Padilha afirmou que as manifestações do presidente da República refletem "os anseios de quem quer investir".
Segundo o ministro, durante os dois primeiros mandatos, Lula defendeu a autonomia do presidente do Banco Central, e não haverá alterações na lei da instituição ou pressões para acelerar a troca da presidência do banco, prevista somente para dezembro do ano que vem.
— Não existe nenhuma iniciativa do governo de mudança da lei (que dá autonomia ao) Banco Central e nenhuma pressão sobre qualquer mandato de qualquer diretor. Pode ter certeza absoluta, durante os oito anos de governo, Lula indicou pessoas que tiveram a competência e a capacidade de aliar o tempo todo a responsabilidade fiscal com a socioambiental para cumprir suas tarefas — afirmou.
Em evento nos Estados Unidos nesta terça-feira (7), Campos Neto defendeu autonomia da autarquia. O presidente do Banco Central disse que a independência da instituição colabora para a separação entre a política monetária e os debates políticos.
Padilha afirmou, nesta quarta, que não houve, em nenhum momento, por parte do governo, um pedido para a convocação de Campos Neto para dar explicações ao Congresso. Segundo ele, o Planalto tem diálogo com a direção do BC, inclusive com o presidente:
— Governo está tranquilo no diálogo, nas reuniões que possam ser necessárias respeitando autonomia.