Um dia após a invasão e destruição de prédios dos três poderes em Brasília, autoridades trabalham para identificar mais responsáveis pelos atos criminosos. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, sugeriu que o vandalismo não poderia ter ocorrido sem algum tipo de facilitação por parte de autoridades.
— O que aconteceu aqui é muito mais grave do que o que aconteceu nos Estados Unidos. Foram os três poderes invadidos. Isso não teria acontecido sem que algum nível de cumplicidade, de facilitação, por parte de autoridades tivesse ocorrido. Nós estamos trabalhando para identificar, através de serviços de inteligência, imagens, a facilidade que os criminosos tiveram de adentrar determinados espaços estratégicos para segurança do país — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
Paulo Pimenta não deixou claro quais seriam as autoridades envolvidas.
— Tudo isso tem que ser apurado. Mas já vi imagens. Onde estou parado, estou enxergando a porta principal do Palácio (do Planalto). A porta não está quebrada. Nenhuma das folhas da porta está quebrada. Eu acredito que a grande maioria entrou por essa porta — avaliou.
Questionado sobre o trabalho preventivo dos serviços de inteligência do governo federal, o ministro admitiu que podem ter ocorrido falhas:
— Possivelmente tenha ocorrido falhas. Serão evidentemente identificadas e apuradas. (...) Agora, não teria como ter ocorrido o que ocorreu sem algum nível de facilitação e algum nível de cumplicidade.
Paulo Pimenta disse que a equipe busca trabalhar dentro do Palácio do Planalto hoje, para mostrar que os atos terroristas não pararam o país. Ele afirmou ainda que todos os participantes serão identificados:
— Queremos trabalhar dentro do Palácio do Planalto para mostrar que a democracia não pode se render aos criminosos. Não podemos permitir que instituições, que o país pare de funcionar por conta de um grupo criminoso, terrorista, que é inimigo da democracia. Serão todos eles identificados. Não só quem estava aqui em Brasília, mas haverá um processo de identificação em todo o país. Vamos identificar financiadores, quem está dando suporte, quem está dando apoio, e serão devidamente identificados e punidos imediatamente.
Conforme o ministro, já foram recebidas informações sobre participantes e financiadores, mas tudo isso será investigado. Ele relata que parte do grupo que invadiu os prédios "sabia o que estava fazendo", pois foi a locais específicos.
— Para vocês terem ideia, grande parte do grupo que invadiu o Palácio do Planalto estava alcoolizado. Defecaram, urinaram, quebraram tudo o que puderam. E um outro grupo, dentro do grupo maior, sabia o que estava fazendo. Foi o grupo que foi ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e (Secom Secretaria de Comunicação Social) — revelou.
Destruição
Além das dezenas de vidros quebrados, o ministro relatou ainda outros locais destruídos pelos vândalos. Entre eles, estão a galeria dos ex-presidentes, a Secom e parte da Abin. Foram levados HDs, máquinas fotográficas e filmadoras. Além disso, houve danos a obras de arte, que foram rasgadas e furadas.
A sala do presidente Lula não foi acessada. Ela fica em uma área chamada de aquário, onde existem vidros blindados e reforço na segurança.
Segundo Paulo Pimenta, também foram levadas armas, tanto tasers (equipamentos de choque, para incapacitação) quanto pistolas:
— Tem pelo menos nove caixas que estão vazias, que as armas foram retiradas. Não sei se levaram outras caixas. Mas tiraram (as armas) de dentro de pelo menos nove caixas.
Ouça a entrevista: