Após a análise de mais audiências de custódia realizadas por força-tarefa de juízes federais, pelo menos nove gaúchos tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva.
São moradores de cidades como Caxias do Sul, Porto Alegre, Santa Maria e Torres. As profissões dos presos ligados aos atos do dia 8 de janeiro em Brasília vão de empresários a professor e integrante da reserva da Brigada Militar (veja abaixo os nomes dos presos).
Como a averiguação das audiências deveria ser concluída ainda nesta sexta-feira (20), a estimativa era de que esse número aumentasse. Desde a terça-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), analisou 1.459 atas de audiência relativas a 1.406 custodiados.
Do total, 942 pessoas tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva e 464 obtiveram liberdade provisória, mediante medidas cautelares, e poderão responder ao processo com a colocação de tornozeleira eletrônica entre outras medidas.
Entre os presos há 117 gaúchos, sendo 82 homens e 35 mulheres. Já entre os que obtiveram liberdade provisória há oito homens e quatro mulheres do Rio Grande do Sul.
O empresário Eduardo Zeferino Englert, 41 anos, de Santa Maria, já havia passado pela audiência de custódia no dia 12 e permaneceu preso. O advogado dele, Marcos Vinicius de Azevedo, disse ter ingressado com pedido de revogação da prisão. Mas o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou pedido de habeas corpus feito pela defesa.
Na decisão, Lewandowski citou entendimento consolidado da Corte, segundo o qual não é possível tramitar habeas corpus contra ato de órgão colegiado do Supremo ou de qualquer ministro.
Na quinta-feira (19), já havia sido determinada a prisão preventiva de outros dois gaúchos: Telmo José Reginatto e Armando Valentin Settin Lopes de Andrade. Reginatto é morador de Caxias, enquanto Andrade nasceu na Serra e hoje vive no Distrito Federal. Familiares não quiseram se pronunciar sobre a prisão. Um sócio de Andrade afirmou que o homem ainda não tem defesa constituída.
GZH identificou residentes de pelo menos 17 cidades gaúchas que saíram do Estado em direção a Brasília após chamamento para os atos golpistas.
Quem são os presos
- Ivett Maria Keller, empresária de Santa Maria
- Holvery Rodrigues Bonilha, tenente da reserva da Brigada Militar (BM) de Santa Maria
- Airton Dorlei Scherer, microempreendedor de Horizontina
- Ressoli Praetorius de Mello, professor de Ensino Fundamental de Passo Fundo
- Lucas Schwengber Wulf, arquiteto de Três Passos
- Claudio Servelin, empresário da construção civil de Caxias do Sul
- Eleonor Cláudio Sordi, empresário do ramo da construção de Porto Alegre
- Graco Magnus Mengue, balonista de Torres
- Paulo Cichowski, microempreendedor de Pantano Grande
Contrapontos
O que diz a defesa de Holvery Rodrigues Bonilha
Segundo o advogado de defesa Milton Arruda, o militar chegou em Brasília após os atos, sendo preso na segunda-feira (9). Holvery é 1º tenente da reserva da Brigada Militar (BM) e tem 53 anos.
— Está detido irregularmente, sem observar sua condição e prerrogativa de militar, sendo que a defesa já se manifestou por sua transferência e soltura. A inocência será comprovada no curso do processo. Ele tem ilibada conduta civil e militar. Estamos tentando com urgência a transferência para uma prisão adequada, pois um policial militar não pode ficar em um presídio comum devido ao risco de vida que corre — afirmou Arruda.
GZH tenta contato com as defesas dos outros presos, mas não havia conseguido até a publicação desta reportagem. Quando ocorrer o contato, o texto será atualizado.