A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), que deve assumir o Ministério do Meio Ambiente (MMA) na nova gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quer que a Autoridade Climática, órgão que o petista prometeu criar, fique abaixo da estrutura do MMA. Dessa forma, a gestão dos temas ligados ao clima seriam centralizados na pasta.
Essa é a estrutura organizacional que a ex-ministra sempre defendeu, desde que se engajou na campanha pela eleição de Lula. Hoje, o Ministério do Meio Ambiente já tem, em sua estrutura, uma Secretaria de Clima e Relações Internacionais.
O relatório técnico que o grupo ambiental da transição concluiu, conforme apurou a reportagem, traz uma composição diferente, com a criação de uma autoridade climática dentro do MMA, funcionando como uma autarquia vinculada ao ministério. Essa estrutura, apesar de ter a aprovação da maioria dos membros que compuseram o grupo, não foi a única.
A ex-ministra do meio ambiente durante a gestão Dilma Rousseff, Izabella Teixeira, defendeu a ideia de que a autoridade climática deveria ficar vinculada à Presidência da República, com status de ministério e atuando de forma independente. Essa opção chegou a ser apresentada como um "anexo" do relatório final, mas não como opção principal sugerida ao novo comando da pasta.
A reportagem apurou que Izabella Teixeira não tem interesse em disputar o comando do MMA. A ex-ministra sinalizou que poderia compor o governo, caso a autoridade climática ficasse fora da pasta, o que não deve ocorrer.
Em toda a transição, além do nome de Marina Silva, chegaram a ser cotados para o comando da pasta Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Simone Tebet (MDB-MS) e Jorge Viana (PT), ex-governador do Acre. Tebet rejeitou a ideia, e Randolfe e Viana não comentam o assunto. Dentro dos órgãos federais de meio ambiente e entre as associações socioambientais, prevalece a preferência por Marina Silva.
Há grande expectativa sobre a nomeação do novo titular da pasta, dado o espaço que o tema ambiental passou a ter não apenas dentro do Brasil, mas no mundo inteiro. A comunidade internacional espera um reposicionamento do país nesta área, depois que a gestão do presidente Jair Bolsonaro passou a ser durante criticada, principalmente por países que ajudam a financiar medidas de proteção à Amazônia. Lula tocou no assunto em boa parte de sua campanha e também durante a COP27, no Egito.
O presidente eleito já prometeu retomar, nos primeiros dias de mandato, o Fundo Amazônia, que hoje tem mais de R$ 3 bilhões depositados no Banco do Brasil, recursos repassados por Noruega e Alemanha que ficaram parados após sucessivos ataques do governo Bolsonaro ao programa.