O ministério do novo governo federal, anunciado por completo pelo futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira (29), tem diferenças significativas em comparação ao time de primeiro escalão anunciado 20 anos atrás para dar início a seu primeiro mandato.
A proporção de mulheres quase triplicou, enquanto o percentual de negros ou pardos praticamente dobrou. Em sentido oposto, perderam espaço políticos filiados ao PT e nomes vinculados a Estados como Rio Grande do Sul e Minas Gerais — que estavam entre os líderes de nomeações há 20 anos e agora ficaram com apenas uma cadeira cada.
O levantamento realizado por GZH considerou 34 ministérios, secretarias e outros órgãos com status ministerial no primeiro mandato de Lula e os 37 nomes anunciados como integrantes do primeiro escalão a tomar posse na virada do ano. Somente Marina Silva figura nas duas listas à frente do Meio Ambiente. Em 2003, ela dividia os holofotes com outros nomes de peso como Ciro Gomes (Integração Nacional), Cristovam Buarque (Educação), Gilberto Gil (Cultura) e José Dirceu (Casa Civil).
A esplanada de duas décadas atrás era formada, em grande parte, por homens brancos e filiados ao PT — essas características definiam pouco mais de 40% dos indicados. Agora, essa combinação corresponde a um quinto dos ministros. A quantidade de mulheres saltou de quatro para 11 e passou a responder por 30% das indicações, enquanto o universo de negros ou pardos passou de quatro para oito — mas nem sempre é simples definir esse número.
GZH deu preferência à autodeclaração de raça feita pelos ministros em sites oficiais, como o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas nem sempre essa informação está disponível. Ainda assim, por esse critério, a presença de indígenas passou de zero para dois — além de Sônia Guajajara (Povos Indígenas), o responsável pela pasta de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também se apresenta sob essa definição étnica. A inclusão de mulheres, negros e indígenas era um dos compromissos de campanha do então candidato petista, que chegou a ser criticado pela pouca diversidade nas primeiras indicações.
Em termos políticos, a necessidade de contemplar uma frente mais ampla destinada a conquistar sustentação no Congresso levou a um recuo significativo do PT na linha de frente do governo: o número de filiados caiu de 18 para 10, enquanto os representantes de outras siglas mais do que dobraram. Eram sete na chegada dos petistas ao Planalto, agora somam 16 cadeiras. Já a cifra de colaboradores sem vinculação partidária passou de nove para 11 e soma 30% do primeiro escalão.
Depois do PT, que ainda abocanha o maior número de pastas, vêm MDB, PSD e PSB com três indicados cada um. O União Brasil tem dois até o momento, mas também deverá somar um trio com a promessa de Waldez Góes (Integração) de trocar de partido e deixar o PDT — que passaria a contar com uma cadeira apenas. Fecham a conta PCdoB, Psol e Rede com um nomeado cada.
Em termos geográficos, a diversidade também aumentou. Se no primeiro governo Lula havia 12 Estados contemplados, com mais dois ministros nascidos no Exterior (José Graziano e Guido Mantega), agora são 17 Estados representados (quando o ministro nasceu em uma região, mas construiu sua carreira por outra, considerou-se a segunda opção). Nessa mudança, Minas Gerais e Rio Grande do Sul perderam terreno.
Os mineiros lideravam as indicações de 20 anos atrás com seis nomes. Já os gaúchos vinham na terceira colocação com cinco representantes: Miguel Rossetto, Tarso Genro, Olívio Dutra, Emília Fernandes e Dilma Rousseff (mineira de nascimento). Agora, conta somente com Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação.